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Uma ameaça ao Museu da República: o calor

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Por Agencia Estado
Atualização:

Obras raras que compõem o acervo da biblioteca do Museu da República, algumas delas datadas dos séculos 17 e 18, estão há um mês sob risco de deterioração por não estarem acondicionados na temperatura adequada. O ar condicionado quebrou e o fabricante, a Springer, ainda não entregou a peça de reposição necessária ao conserto. Enquanto isso, livros que têm de ficar num ambiente com temperatura de 21 graus, em média, estão numa sala onde faz um calor sufocante (a temperatura não foi medida, mas a sensação térmica é de 40 graus). Segundo especialistas, a temperatura alta faz com que as fibras do papel fiquem ?suadas? (desidratadas) e as páginas, grudadas. Quem trabalha ou estuda na sala fica molhado de suor. Uma biografia do padre José de Anchieta de 1672, em pergaminho, trazida por dom João VI quando da vinda da corte portuguesa para o País, é um dos tesouros ameaçados. O livro pertenceu a Epitácio Pessoa. Também é raridade um pequeno livro de orações que se encaixa num ovo de madrepérola, datado de 1700, que era de dona Beatriz Ramos, viúva do ex-presidente do Brasil Nereu Ramos. Há ainda um outro livro de orações, escrito na mesma época, que pertenceu a Nilo Peçanha. A coleção tem um facsímile dos Lusíadas, de 1805, além da biblioteca completa de Getúlio Vargas e documentos que eram de outros presidentes e prefeitos. No total, são dez mil volumes. O servidor do museu, que guarda todos os dados sobre o acervo, também pode ser perdido. Na sala onde as máquinas ? que custam R$ 12 mil reais ? são mantidas, foi colocado, emergencialmente, um ventilador. Marcelo Paiva, diretor de projetos do Museu da República, disse que o motor do ar condicionado, que aciona o compressor, parou no dia 15 de dezembro. Chamada imediatamente, a empresa Maclam, responsável pela manutenção, detectou o problema na peça e a encomendou à Totaline, loja onde o museu adquiriu o aparelho. Recebeu como resposta que o motor, que custa R$ 192, estava em falta. ?Por causa de uma peça que custa R$ 192, está-se colocando em risco um materia de valor incalculável?, disse Paiva. A Springer informou que a peça só lhe foi solicitada no dia 28 de dezembro e que a demora na entrega se deveu a um atraso do fornecedor. Segundo a empresa, dois motores chegarão ao Rio amanhã, vindos da fábrica, localizada em Canoas, no Rio Grande do Sul.

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