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Veja o que pensa Guilherme Boulos (PSOL-SP), deputado mais votado de São Paulo

Boulos defende revogação de reforma trabalhista e da previdência, além do teto de gastos

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Por Marcela Villar , Laís Adriana e Daniel Vilanova
Atualização:

Guilherme Boulos (PSOL-SP) foi o deputado federal mais votado por São Paulo, com 1.001.472 votos e o segundo deputado federal mais votado do Brasil em 2022.. Ele nasceu em São Paulo, em 1982, e é filho de um casal de médicos. Formou-se em filosofia pela Universidade de São Paulo (USP) e é mestre em psiquiatria pela mesma universidade. Membro da Coordenação Nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Boulos foi candidato à presidência em 2018 e concorreu à prefeitura de São Paulo em 2020. Em ambas as ocasiões, concorreu pelo PSOL.

Qual é o papel do estado na preservação (ou não) de pautas como liberdade religiosa, legalização do aborto e das drogas e defesa dos direitos humanos?

A liberdade religiosa nunca esteve em questão nos governos do Lula. Ao contrário, foi o período onde as igrejas evangélicas mais cresceram e o foi o período onde se aprovou a Lei da Liberdade Religiosa.

Guilherme Boulos (PSOL) é líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) Foto: Felipe Rau/Estadão

Em relação a pautas como política de drogas e aborto, elas têm que ser tratadas pelo Congresso Nacional. Não são atribuições da Presidência da República como, lamentavelmente, a campanha do Bolsonaro está tentando distorcer. Esse debate precisa ser feito no Congresso Nacional a fundo, colocando como políticas de saúde pública, debatendo amplamente no Parlamento e com a sociedade brasileira.

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- Devem ser feitas reformas econômicas no próximo mandato? (teto de gastos, reforma da previdência, reforma tributária) De que forma?

O Brasil viveu, nos últimos seis anos, reformas econômicas anti-populares, que retiraram os direitos sociais, que deprimiram o investimento público. Por isso que defendo a revogação do teto de gastos, e ter um marco fiscal no Brasil que permita com que o Estado garanta geração de emprego e renda, valorização do salário mínimo, tudo que é necessário para a gente sair da crise.

Assim também a revogação da reforma trabalhista. Uma nova Lei Trabalhista que garanta direitos que foram retirados, e garanta direitos para setores que nem existiam no tempo que a CLT foi aprovada há 80 anos, como, por exemplo, os motoristas por aplicativo, o home-office. Esse debate tem que ser feito pelo Congresso.

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Defendo também a revisão e revogação dos retrocessos da reforma da previdência. A reforma econômica que o Brasil precisa no próximo período é uma reforma tributária progressiva para que a gente possa também combater a desigualdade na forma de arrecadação do Estado brasileiro fazendo com que os mais pobres paguem menos impostos e os bilionários comecem a pagar.

- Você é a favor da permanência do Auxílio Brasil ou de outros programas de renda?

Eu sou inteiramente a favor da manutenção do Bolsa Família. Esse é um compromisso, inclusive, da campanha do presidente Lula, que criou o Bolsa Família. O Bolsonaro mudou de nome depois. Queria duzentos reais na pandemia, foi pra 600 por conta do Congresso Nacional, com forte pressão da oposição e a dois meses, três meses da eleição, botou pra 600, mas só com validade até dezembro, reduzindo no ano que vem. Eu sou a favor do Bolsa Família de 600 reais e construindo debate sobre uma renda básica, uma renda básica que é essencial para combater a miséria e a fome no nosso País.

- O que pretende fazer para melhorar a educação no País?

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Educação precisa ser a prioridade de qualquer governo. Eu, como professor, carrego isso na minha luta e na minha profissão. É preciso nós termos a regulamentação e a implementação efetiva do piso salarial dos professores em nível nacional. É preciso que a regulamentação do novo Fundeb seja feito garantindo o custo aluno/qualidade inicial para que a gente possa ter um investimento proporcional e efetivo na educação básica, melhorando a qualidade do ensino, melhorando os equipamentos, as instalações das escolas. E é preciso, ainda, voltar a investir no ensino superior. É um escândalo que nos últimos seis anos não se tenha criado um único campus novo de universidade pública no País. Nós precisamos expandir novamente a universidade pública para democratizar o acesso ao ensino superior.

- Como a próxima legislatura deve combater a falta de transparência no uso de recursos públicos?

Bom, pra garantir transparência no uso dos recursos públicos, é preciso começar retomando aquilo que existia e que o governo Bolsonaro acabou. A Controladoria Geral da União, o COAF, garantir uma Polícia Federal que seja autônoma e não um presidente que fica trocando delegado pra não deixar investigar seu filho. Todo esse tipo de coisa. O arcabouço que já existia de combate a corrupção e foi desmontado pelo caos institucional do governo Bolsonaro.

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Mas para além disso, é preciso colocar na agenda do País uma reforma política. O sistema político brasileiro tem vícios que levam, inclusive, ao mal uso do orçamento público, como no caso do Orçamento Secreto. É inadmissível que continue tendo o orçamento secreto, que foi o acordão de governabilidade que o Bolsonaro fez com o Artur Lira e com o Centrão. Nós precisamos acabar com isso e garantir essa transparência e a capacidade de planejamento dos recursos públicos pelo executivo que é eleito democraticamente pelo povo brasileiro.

Claro, o Congresso Nacional precisa debater o orçamento, mas não com o orçamento secreto, não colocando clientelismo, interesse particulares de deputados a frente do interesse do País. Isso vai ser essencial e uma reforma política que remodele a governabilidade do Brasil, que enfrente os gargalos estruturais da corrupção é essencial para o próximo período.

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