SÃO PAULO - Ciclistas que costumam passar pela região da Praça Vilaboim, em Higienópolis, na região central da capital paulista, aprovaram a alteração feita pela Prefeitura na ciclovia das imediações. A estrutura, que antes cruzava a praça na frente de bares e restaurantes, começou a mudar de lugar há duas semanas, causando polêmica entre cicloativistas, já que a desativação do antigo trecho atendia a uma reivindicação dos comerciantes do bairro, que se diziam prejudicados pela via exclusiva de bikes.
Agora, a ciclovia dá uma volta um pouco maior e passa pelo outro lado da Vilaboim. Para os ciclistas que vêm da Rua Armando Penteado a mudança faz com que tenham que atravessar a pista de rolamento duas vezes, em uma via por onde passam muitos automóveis. Algumas vagas de estacionamento em ângulo de 45 graus foram suprimidas na praça, para a pintura da faixa voltada às bicicletas.
“Ficou melhor, eu acho, mais seguro. Antes, eu precisava cruzar a praça pela Rua Piauí, mas agora vamos pelo mesmo lado”, diz o zelador Raimundo de Souza, de 33 anos, que mora no bairro e leva, diariamente, sua filha de sete anos na garupa da bike até a escola da menina, na Rua da Consolação. Ele usa o trecho da ciclovia que passa na Rua Piauí, e que foi recentemente estendido até o outro lado da praça.
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Já o entregador Jackson Santos da Silva, de 24 anos, circula carregando frutas sempre pelas imediações – ele trabalha em um comércio na Rua Martim Francisco. “Do lado onde tinham colocado antes a ciclovia, nenhum carro respeitava e eu achava menos seguro. Sempre tinha um carro parando em cima.”
De fato, há duas semanas, quando a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) começou a apagar a ciclovia original da Praça Vilaboim, a reportagem flagrou vários veículos desrespeitando a ciclovia e estacionando em cima dela, especialmente para que os automóveis fossem repassados para os valets que funcionam em frente aos restaurantes e bares. Nenhum fiscal de trânsito foi visto anotando as irregularidades.
O entregador de peixes Rodrigo de Paula de Oliveira, de 27 anos, cobra mais integração com outras ciclovias. “Para quem anda de bicicleta, faltam ciclovias em outras ruas por aqui.”
O diretor de Participação da ONG Ciclocidade, Daniel Guth, diz que a mudança da ciclovia em Higienópolis foi simbólica da manutenção da mentalidade que põe o carro como prioritário na mobilidade urbana. “É preciso desestimular e diminuir a dependência de serviços vinculados ao carro, como o valet. No caso de Higienópolis, é esse debate que esteve embutido. Naquele bairro, é crônico o uso de carro mesmo em viagens curtas.”