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Novo Anhembi: veja como vai ser o espaço após concessão para iniciativa privada

Reforma aumenta capacidade do centro de convenções de 5 mil para 20 mil pessoas, permitindo que aconteçam dois ou mais eventos simultâneos

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Foto do author João Ker
Atualização:

Com inauguração prevista para 1º de junho de 2024, o Distrito Anhembi pretende ser o maior centro de eventos da América Latina. Cedido por concessão pública à GL Events há dois anos e administrado pela empresa ao longo das próximas três décadas, o local está passando por uma obra orçada inicialmente em R$ 1 bilhão que visa a integração de diferentes áreas da estrutura construída originalmente em 1970.

A principal característica da renovação está na ampliação do Centro de Convenções, Conferências e Congressos, que aumenta a capacidade total do público de 5 mil para 20 mil pessoas. Ele será dividido em cinco “salas modulares” de 12 mil metros quadrados cada, que podem ser montadas a depender da demanda e têm isolamento acústico, entrada e banheiros exclusivos entre si, permitindo assim que aconteçam dois ou mais eventos simultâneos sem que um interfira no outro.

Vista aérea do projeto do novo Distrito Anhembi, a ser inaugurado em 1º de junho de 2024 Foto: Divulgação / GL Events

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O Centro de Convenções será conectado ao Pavilhão de Exposições através de uma passarela coberta, com a construção de uma praça central entre os dois espaços, ocupando o local onde antes ficava o jardim e o espelho d’água que compunham o projeto inicial de paisagismo assinado por Roberto Burle Marx. O objetivo da GL, segundo o diretor comercial Marcelo Marino, é devolver ao Anhembi o status de ser “o Maracanã dos eventos”.

“É uma reestruturação muito grande, para adequarmos esse novo Anhembi à realidade e demanda do mercado de eventos”, diz Marino, afirmando também que São Paulo costuma “perder” feiras, seminários e congressos internacionais para “capitais vizinhas” por não ter um local com capacidade grande e estrutura adaptada.

Em 2021, a empresa venceu a licitação no valor de R$ 53,7 milhões e ficou responsável pela gestão, manutenção e exploração comercial. Uma das principais apostas do plano de desestatização da gestão de João Doria (PSDB) e Bruno Covas (PSDB), a venda do complexo junto da alienação da SPTuris (sociedade de economia mista controlada pela Prefeitura) não atraiu interessados, cujo lance mínimo era de R$ 1,45 bilhão. Esse foi um dos motivos para se decidir pela concessão.

Inaugurado em 1970, o complexo ocupa uma área bruta de 376,95 mil metros quadrados e é o maior espaço de eventos da capital paulista, incluindo o Auditório Celso Furtado e o Sambódromo, dentre outras construções. No contrato da concessão firmado em 2021, algumas obrigações previstas eram a climatização de todos os espaços e a ampliação da capacidade de público.

Auditório Celso Furtado está passando por renovação e terá cadeiras originais preservadas Foto: Tiago Queiroz / Estadão

A saída que a GL encontrou para entregar o espaço revitalizado dentro do prazo de quatro anos e não ter de abrir mão dos eventos no local foi escalonar a obra em partes e setores. O Pavilhão de Exposições, por exemplo, segue recebendo feiras e congressos até agosto deste ano, quando a programação será interrompida até maio do próximo ano. Já o Centro de Convenções, “que tem uma procura gigantesca o ano inteiro”, segundo Marino, segue aberto até dezembro.

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Projeção do Auditório Celso Furtado, parte do novo Distrito Anhembi, a ser inaugurado em 1º de junho de 2024 Foto: Divulgação / GL Events

Preservação x modernização

Além do paisagismo assinado por Burle Marx, o projeto do Complexo Anhembi foi projetado pelos arquitetos Jorge Wilheim, Miguel Juliano e Massimo Fiocchi entre os anos 1960 e 1970, o que aumenta seu valor arquitetônico para a história de São Paulo e do País. O Conselho Municipal do Patrimônio Histórico (Conpresp) chegou a analisar em 2017 o tombamento do complexo (o que dificultaria a concessão), mas não optou pela proteção da área.

Uma ação movida pelo Ministério Público Estadual chegou a requerer a preservação do complexo, mas em 2019 uma decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) permitiu que qualquer edificação do local pudesse ser demolida, a fim de viabilizar a concessão.

Espelho d'água e jardim projetados por Roberto Burle Marx foram demolidos para dar espaço a uma praça central de convivência, que vai conectar o Pavilhão de Exposições ao Centro de Convenções Foto: Tiago Queiroz / Estadão

Com isso, o jardim e o espelho d’água de Burle Marx já foram demolidos na construção do Distrito Anhembi. O Auditório Elis Regina também será substituído por um hall de eventos com capacidade para 5 mil pessoas, mas manterá o nome em homenagem à cantora ícone da música brasileira. Já o Auditório Celso Furtado, o “pudim” localizado no Complexo de Exposições e com capacidade para 2.500 pessoas, será totalmente renovado, com novo isolamento acústico e restauração das cadeiras originais.

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Foi naquele palco que Michael Jackson fez em setembro de 1974 o seu primeiro show no Brasil, ainda como parte dos Jackson 5. Por ele, outros nomes de destaque também já se apresentaram, como Elis Regina, Roberto Carlos e Raul Seixas, que chegou a ser velado no local.

Apesar de o foco principal desta primeira fase da revitalização ser os eventos corporativos, o entretenimento também terá um papel fundamental no Distrito Anhembi. Ao lado do sambódromo, a GL Events já está construindo a Arena São Paulo, um espaço multiuso com capacidade para receber 20 mil pessoas e a vantagem de ser a primeira arena desse tipo e tamanho com teto coberto.

Projeção da praça central construída no Distrito Anhembi; espaço de convivência terá área coberta e vai conectar Centro de Conferências ao Pavilhão de Exposições Foto: Divulgação / GL Events

O projeto prevê uma arena “100% acústica, com padrão internacional” e é uma parceria da GL com o Oak View Group (OVG), que já coleciona locais desse tipo em todo o mundo, e a Live Nation Entertainment, responsável por algumas das maiores turnês e festivais de música internacionais, como Beyoncé, Coldplay, Alanis Morissette, Rock In Rio e o ainda inédito The Town.

De acordo com Elson Inácio, gerente de obras da GL Events, o projeto de todas as construções foi “pensado nas áreas de reaproveitamento” para gerar o mínimo possível de material desprezado. Assim, materiais como metal, alumínio e o próprio concreto demolido serão reaproveitados em outras partes da obra. “Já reduzimos quase 80% do volume de desperdício”, afirma.

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A previsão é que a Arena São Paulo seja entregue entre o fim de 2024 e início do ano seguinte.

Fase 2: Bairro Anhembi

Para a chamada “Fase 2″ do projeto, a GL pretender construir o “Bairro Anhembi”, com cinema, teatro, casas de espetáculo, restaurantes, comércios de pequeno e médio porte, flats e hotéis. A expectativa é aumentar o público com a oferta de shoppings, pólos gastronômicos e investimentos imobiliários, de escritórios a studios.

“Ainda estamos em fase de discussões e negociações (desses novos negócios), mas é algo que faz parte do nosso projeto porque a região é muito positiva para isso”, diz Marino.

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