O que fazer em Cunha, eleita a cidade mais acolhedora de São Paulo? Veja dicas e roteiro

Conhecida antigamente como a ‘capital brasileira do Fusca’, cidade fica próxima à divisa com o Rio de Janeiro

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Foto do author João Ker
Por João Ker
Atualização:

Cunha, com cerca de 22 mil habitantes e a pouco mais de 230 quilômetros da capital paulista, atrai turistas ao longo de todo o ano pela beleza natural, efervescência cultural e, acima de tudo, hospitalidade. Conhecida em décadas passadas como a “capital brasileira do Fusca”, os carros ainda estão espalhados pela cidade desde o momento em que você avança pela estrada que a liga com Paraty, no Rio.

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Ainda no ano passado, Cunha foi eleita a cidade mais acolhedora de São Paulo em pesquisa feita pela plataforma de agendamento de hospedagens Booking, com base em mais de 23 milhões de avaliações. “Se o turista chegar buscando um bairro de Nova York, não vai achar. Mas encontra uma cidade do interior com riqueza de pessoas, folclore e cultura local”, diz o secretário municipal de Turismo e Cultura, Marivaldo Rodrigues.

Cercada pelo Parque Estadual da Serra do Mar e próxima à Serra da Mantiqueira, Cunha tem atrações para quem buscar o descanso da natureza no interior, se aventurar por trilhas e cachoeiras, apreciar a arte local ou simplesmente degustar comida bem feita e acolhedora. Nas palavras do próprio Rodrigues, é um “modelo de cidade do interior que deu certo”.

Abaixo, entenda o por quê e veja o que fazer por lá.

Lavandário

Maior plantação de lavanda do Estado, o Lavandário é um dos principais cartões-postais e basta uma visita para entender o porquê. O aroma da flor já é sentido antes de chegar à plantação, de fato, e à medida em que você se aproxima, é possível perceber outras espécies no jardim, como alecrim e manjericão, todas disputando a atenção do seu olfato.

A proposta do Lavandário é imersão na natureza para curtir um entardecer agradável, até romântico, com vista para as montanhas, ipês, quaresmeiras, candeias e araucárias que cercam a propriedade. Não à toa, a entrada só é permitida até as 16h30 e o espaço fecha com o pôr-do-sol.

Lavandário tem mais de 40 mil pés de lavanda plantados e é um dos principais cartões-postais de Cunha (SP) Foto: Tiago Queiroz

Dos 40 mil pés de lavanda plantados, 10 mil estão em plena floração em julho (apenas tome cuidado com as abelhas). Por lá, quem tiver mais tempo nas mãos pode conhecer o espaço de bem-estar, com cuidados para o corpo, rosto, pés e mãos. Tudo é feito com produtos à base de plantas colhidas na própria fazenda, todos disponíveis na lojinha, dos azeites de manjericão ou alecrim aos óleos essenciais e aromatizantes.

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Os produtos de beleza e higiene pessoal são ainda mais especiais, com destaque para o hidratante corporal de verbena e o sabonete de lavanda, que caso você esteja se perguntando, passa longe do aroma de desinfetante. O sorvete de lavanda, por sinal, é iguaria de orgulho e ponto de conversa entre quem mora, visita ou conhece Cunha - imprescindível.

Pedra da Macela

Talvez o único ponto de Cunha capaz de competir com Lavandário em termos de reconhecimento é a Pedra da Macela, montanha a 1.840 metros de altitude em meio à Serra da Bocaina, que atrai turistas de todo o Estado e cuja área se divide entre o município paulista e Paraty.

Faz poucos meses que a possibilidade de acampar por lá se tornou realidade, mas os trilheiros de plantão já estão acostumados há anos a fazer o percurso em plena madrugada, por um motivo especial: do alto, é possível ver o sol nascendo do mar e se pondo em meio à Mata Atlântica,. Além disso, há toda a vista panorâmica para Angra do Reis, Paraty e Ilha Grande. Não há foto, vídeo ou câmera possível de captar a sutileza da paleta de cores que se forma no céu e na Serra da Mantiqueira, ao fundo.

Crepúsculo visto do alto da Pedra da Macela, na divisa entre Cunha (SP) e Paraty (RJ) Foto: Tiago Queiroz

A subida dura cerca de uma hora, a depender da sua disposição e condicionamento físico, mas o caminho é de fácil acesso e bem sinalizado. Na descida de volta para a cidade, a boa é parar na Wolkenburg ou alguma outra das novas cervejarias artesanais que têm pipocado pela cidade.

Do Gnomo Restaurante

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Os principais pratos da gastronomia de Cunha são o pinhão e o shitake, que aparecem nos cardápios das maiorias dos restaurantes da região do Vale do Paraíba. O Do Gnomo, restaurante tocado pelo chef e ex-engenheiro civil Caio Penteado, usa os ingredientes para harmonizar outro carro-chefe: o rodízio de truta, invenção do próprio gnomo para mostrar a versatilidade do peixe.

“O objetivo é proporcionar uma degustação dos tipos de molho e formas de preparo da truta”, diz Penteado. A entrada é com torradas e patê à base do peixe; depois, vem um filé empanado com recheio de mussarela de búfala, acompanhado de arroz negro e purê de banana prata.

Por fim, tem um conjunto de filés grelhados harmonizados com molhos pesto, de maracujá com pimenta rosa, shitake e mais algumas opções de dar água na boca. O conceito seguido pelo chef é da slow food, que busca promover uma apreciação da comida com calma e tranquilidade.

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O chef e ex-engenheiro civil Caio Penteado servindo o rodízio de truta no Do Gnomo Restaurante Foto: Tiago Queiroz

O conceito seguido pelo chef é de uma “cozinha regional criativa” alinhada ao slow food, que busca promover uma apreciação da comida com calma e tranquilidade. Assim, as refeições são servidas ao ar livre, o que dá sensação a mais de integração com a natureza em volta. Antes de ir embora, é bom também conhecer a Taberna do Gnomo, onde se vende uma série de itens orgânicos dos produtores locais, como bolo de pinhão, doce de abóbora, geleia, conserva, cachaças em barril e gelatos de lavanda e pinhão.

Ateliê Suenaga e Jardineiro

Outro ponto de efervescência cultural em Cunha é a grande comunidade de artesãos de cerâmica, que movimentam turistas o ano inteiro com as fornadas, que chegam a durar 27 horas e são um acontecimento à parte. Um dos mais tradicionais é o Ateliê Suenaga e Jardineiro, onde é possível conhecer o Noborigama, um forno enorme com quatro câmaras e temperatura que chega a 1.400ºC.

O espaço é tocado por Kimiko Suenaga e Gilberto Jardineiro, casal que dá nome ao ateliê e trouxe a tradição da argila do Japão ainda em 1984. “Ainda faço parte da criação, com a mão na massa também. Criar coisas novas é o mais interessante”, conta Kimiko, que aos 75 anos ainda se dedica às esculturas, painéis e mosaicos de argila. “Na hora de tirar as peças do forno, a gente até fica curioso para ver, porque cada queima é diferente e o resultado depende de onde o fogo queimou”, explica.

Kimiko Suenaga, do Ateliê Suenada & Jardineiro, posa em frente às esculturas de cerâmica que ela mesma criou Foto: Tiago Queiroz

No ateliê, é possível acompanhar todo o tratamento que é dado ao barro, coletado nas fazendas da região, até ele se tornar argila. O esmalte utilizado nas peças é fruto de uma técnica própria inventada por Jardineiro, à base das tentativas de erro, acerto e muita observação.

Outras dicas

Na Praça Cônego Siqueira, bem no centro de Cunha, o Restaurante da Dona Tita serve comida caseira que é uma boa pedida para quem não quer pegar a estrada. Ainda na gastronomia, a Casa do Strudel tem as melhores sobremesas da cidade (de acordo com os próprios moradores) em um clima aconchegante e acolhedor.

Quem der sorte de pegar um dia ensolarado e quiser dar um mergulho, Cunha também é repleta de cachoeiras. A Cachoeira do Pimenta, na Estrada Real, é a mais conhecida, apesar de o caminho ser meio tortuoso e de difícil acesso. A Cachoeira do Desterro, a cerca de dez minutos dali, fica um pouco mais escondida, mas também vale a pena.

Além das plantações de lavanda, em Cunha também é possível visitar os campos de oliveiras d’O Olival, onde é possível encontrar comida orgânica à base de produtos locais e artesanatos de souvenir. O azeite, feito da própria plantação, também é uma boa pedida para saborear na hora ou levar para casa.

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Serviço

  • Lavandário

Endereço: Rodovia SP-171, Km 54,7, S/n - Boa Vista, Cunha - SP, 12530-000

Valor: R$ 20 por pessoa; maiores de 60 anos pagam R$ 10

Aberto de sexta-feira a domingo.

Mais informações: https://lavandario.com.br/

  • Pedra da Macela

Endereço: a partir do km 65 da Estrada Cunha-Paraty

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Valor: grátis

Aberta todos os dias. Acampamentos permitidos de quinta-feira, a partir das 14h, até domingo, às 16h.

  • Do Gnomo Restaurante

Endereço: Rodovia, SP-171, km 50 - Morro Grande, Cunha - SP, 12530-000

Aberto de quinta a terça-feira, das 12h30 às 17h30.

Mais informações: https://www.instagram.com/dognomorestaurante/

  • Ateliê Suenaga e Jardineiro

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Endereço: Rua Doutor Paulo Jarbas da Silva, 150 - Mantiqueira, Cunha - SP, 12530-000

Aberto todos os dias, de 10h às 17h.

Mais informações: http://www.ateliesj.com.br/

  • Restaurante da Dona Tita

Endereço: Praça Cônego Siqueira, 46 - Centro, Cunha - SP, 12530-000

Aberto de terça-feira a domingo.

Mais informações: https://www.instagram.com/restaurantedonaditacunha/

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  • Casa do Strudel

Endereço: Rodovia Vice Pref. Salvador Pacetti, km 50,4 - Estrada do Bairro Catioca, Cunha - SP, 12530-000

Aberto de quarta-feira a domingo.

Mais informações: https://casadostrudel.com.br/

  • O Olival

Endereço: Rodovia 171 - Cunha x Paraty, km 58,3 - Aparição, Cunha - SP, 12530-000

Aberta de quarta a segunda-feira.

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Mais informações: https://www.oolival.com.br/

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