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Hospital São Luiz, no Morumbi, tem princípio de incêndio e paciente idosa morre

Segundo o centro médico, 47 pacientes foram transferidos para outras unidades hospitalares; Corpo de Bombeiros diz que superaquecimento em secador de cabelos causou o fogo

Foto do author Renata Okumura
Foto do author Ítalo Lo Re
Por Renata Okumura e Ítalo Lo Re
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Uma pane elétrica em um equipamento provocou um princípio de incêndio e grande volume de fumaça na unidade do Hospital São Luiz do Morumbi, zona sul de São Paulo, na manhã desta quinta-feira, 11. Segundo o hospital, uma paciente idosa morreu no processo de transferência. No total, 47 pacientes foram transferidos para outras unidades hospitalares, de acordo com a rede médica.

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Uma paciente de 94 anos infelizmente sofreu uma parada cardíaca durante o evento”, informou o hospital, que disse lamentar a perda e dar assistência aos familiares. A idosa estava sendo transferida para unidade do São Luiz no Itaim Bibi, também na zona sul.

O princípio de incêndio foi registrado por volta das 8h40 na unidade da Rua Engenheiro Oscar Americano, que teve que ser evacuada às pressas. Segundo o Hospital São Luiz Morumbi, o fogo, que já foi extinto, dificultou o funcionamento adequado de duas unidades de terapia intensiva.

Uma pane elétrica gerou fumaça na manhã desta quinta-feira, 11, na unidade do Hospital São Luiz do Morumbi, na zona sul de São Paulo. Foto: Taba Benedicto/Estadão

A principal hipótese é que o fogo, conforme o tenente-coronel do Corpo de Bombeiros Luciano Almeida, teria sido causado por um secador de cabelos usado por uma auxiliar de enfermagem. “Pelos relatos da equipe do hospital, o uso do equipamento (secador) causou o superaquecimento, mas não se sabe ainda se do equipamento ou se do sistema elétrico”, disse.

“Os funcionários falaram que foram usar um secador de cabelo em um dos pacientes e o princípio de incêndio teria começado nesse momento”, disse o tenente-coronel. Segundo ele, rapidamente a equipe técnica percebeu a fumaça e começou a retirar os pacientes do segundo andar. “Fogo (houve) pouco, mas a fumaça foi bem intensa”, acrescentou.

“O evento está sendo devidamente apurado e o hospital segue trabalhando em conjunto com as autoridades competentes para esclarecer as possíveis causas do incidente”, acrescenta o São Luiz.

Com o princípio de incêndio, houve evacuação total do hospital. O segundo andar, onde o fogo começou, segue interditado, mas os demais pavimentos já estão liberados para retorno de pacientes e equipe técnica, segundo o Corpo de Bombeiros.

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Até a tarde desta quinta, dezenas de funcionários do hospital permaneciam do lado de fora. Um forte cheiro de fumaça permanecia em ruas próximas.

Conforme a corporação, havia 17 pacientes na UTI no momento do princípio de incêndio. “Três acabaram ficando na unidade do Morumbi e 14 foram para outras unidades”, disse o tenente-coronel Luciano Almeida.

A paciente que faleceu, disse ele, foi a última a ser retirada, em socorro que contou com apoio dos bomebiros. “Esse tempo talvez tenha contribuído para o agravamento do estado de saúde dela ter se agravado, por ter ficado ‘dentro’ da fumaça ainda”, disse.

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O local da morte não foi confirmado. “Ela saiu daqui em uma ambulância particular do próprio hospital com sinais vitais, com batimento e respiração”, disse o tenente-coronel do Corpo de Bombeiros. O destino era a unidade do Hospital São Luiz no Itaim Bibi.

Alguns integrantes da equipe técnica do hospital também precisaram de atendimento médico. “Cinco funcionários do São Luiz também foram encaminhados pelo próprio hospital para a unidade do Jabaquara para receber atendimento médico por conta da inalação da fumaça”, disse Luciano Almeida.

‘Enfermeira entrou desesperada no quarto’

“Por volta das 8h30, meu filho ainda estava dormindo, quando, de repente, soou o alarme bem alto. Imaginei que poderia ser um alarme de incêndio, mas achei que poderia ser falso”, diz o artista plástico Fábio Guimarães, de 46 anos, cujo filho estava internado no São Luiz.

“Por questões de segundos, uma enfermeira entrou desesperada no quarto, falando sobre incêndio e pedindo para vestir o meu filho. Só deu tempo de colocar a roupa nele e pegar a mochila. Deixamos todos os pertences no hospital”, afirma ele.

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Diagnosticado com pneumonia, Éros, de 7 anos, ficou internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do São Luiz Morumbi. Com a melhora, no fim da tarde de quarta-feira, 11, foi transferido para um quarto, dando continuidade ao tratamento.

“Quando chegamos ao estacionamento, começaram a chamar os pacientes mais graves. Foram chegando ambulâncias de outros hospitais”, continua Guimarães.

“Fomos observando os grupos saindo e chamaram o grupo das crianças. Fomos para o atendimento clínico, em um prédio do outro lado da rua. Passamos com a médica, que optou por antecipar a alta, mediante a continuidade do tratamento médico em casa e retorno na próxima semana”, afirma o pai.

No corredor, um andar acima do foco do incidente, Guimarães diz que era possível sentir o cheiro forte da fumaça. “Todos saíam ordenadamente. Devo dizer que o treinamento da equipe fez a diferença, pois não teve caos. Acredito que a ala infantil, onde estávamos, foi uma das primeiras a saírem para o estacionamento. Foram chegando, posteriormente, outras pessoas em camas e macas”, acrescenta ele.

Criança tem alta médica antecipada, após pane elétrica em equipamento do Hospital São Luiz Morumbi. Foto: Ítalo Lo Re/Estadão

A aposentada Celina Pamaoki, de 66 anos, estava comprando café para o marido, internado no 6º andar por cólica renal, quando o alarme disparou. “Não me deixaram subir de novo”, relatou ela, que estava no 3º.

Sem alternativa, desceu rápido as escadas. O marido, descobriu depois, foi levado em uma maca de lona para a área do estacionamento, improvisado pela equipe do hospital.

O comerciante João Sanches Machado, de 81 anos, e a aposentada Adelaide Malagozzine Machado, de 79, saíram de casa, em Itapecerica da Serra, na Grande São Paulo, por volta de 5h30 para ir ao hospital fazer exames. “Queríamos fugir do trânsito”, disse ela.

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Quando esperavam na sala de espera, o alarme disparou. “Foi muito sufoco, depois ainda tivemos de ficar no sol quente”, reclamou a idosa. Os exames, de acordo com o casal, terão ser de ser remarcados para outro dia. “Agora estamos esperando nosso genro vir nos buscar.”

Correções

Diferentemente do publicado na versão original da matéria, o nome do tenente-coronel do Corpo dos Bombeiros é Luciano Almeida

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