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PMs da reserva e mais câmeras: quais são as medidas do governo para aumentar a segurança em SP?

Centro da capital é um dos pontos de atenção da gestão estadual; saque a uma loja nos arredores da Cracolândia voltou a chamar a atenção para a criminalidade

Foto do author Ítalo Lo Re
Por Ítalo Lo Re
Atualização:

Com um ano recém-completado no Palácio dos Bandeirantes, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) prevê uma nova frente de medidas para combater a criminalidade em São Paulo e reforçar a segurança no centro da capital paulista, considerado um dos principais pontos de atenção pela gestão estadual.

A lista de ações inclui desde a instalação de uma nova companhia de força tática até a contratação de policiais militares da reserva. A ideia é que eles trabalhem em funções administrativas para, assim, possibilitar o aumento de agentes nas ruas. O projeto ainda deve ser enviado para a Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp).

Viatura da Polícia Militar na Rua Dom José de Barros; violência no centro é apontada como um dos maiores problemas de segurança pública da cidade Foto: DANIEL TEIXEIRA/ESTADÃO - 11/08/2023

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No último ano, houve queda de roubos, mas os furtos cresceram no Estado, com destaque para a atuação de gangues de bicicleta e saques a estabelecimentos comerciais. A violência no centro de São Paulo é apontada por especialistas como um dos maiores problemas de segurança pública da cidade, com casos de repercussão nacional.

Há dois dias, um saque a uma loja de equipamentos de câmeras de segurança na Rua Santa Ifigênia, nos arredores da Cracolândia, voltou a chamar a atenção para a criminalidade. O prejuízo estimado é de mais de R$ 300 mil. Na madrugada desta segunda-feira, 29, foi a vez de um restaurante na região da Praça da República ser alvo de furto. Quatro homens, com idades entre 24 e 32 anos, foram presos.

Inauguração de força tática no centro de São Paulo

Diante dos episódios de violência, um primeiro plano da gestão estadual é inaugurar, já nesta semana, uma companhia de força tática no centro. A medida foi anunciada nesta segunda pelo próprio governador Tarcísio. “Vamos combater muito a questão da Cracolândia em todas as suas dimensões”, disse o governador, após o anúncio de obras para o combate às enchentes.

Conforme o major Rodrigo Vilardi, da Coordenadoria de Análise e Planejamento da Secretaria da Segurança Pública (SSP), o local deve ter função estratégica para a Polícia Militar. “Além de valorizar e dar uma qualidade maior de trabalho para os policiais, propicia também uma ocupação do centro, que é uma necessidade”, disse.

A companhia de força tática deve ser instalada em um ponto no encontro das ruas Vitória e dos Guianases, duas das cerca de 11 vias que receberam o fluxo da Cracolândia no ano passado, como mostrou levantamento feito pelo Estadão. Ao longo dos últimos meses, o fluxo se concentra mais na Rua dos Protestantes, nos arredores da Estação da Luz.

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Saque à loja Portal das Câmeras na Rua Sta. Ifigênia; prejuízo estimado é de R$ 300 mil Foto: Reprodução

Aumento do efetivo policial na região central

Em outra frente, o governo do Estado prevê aumentar o efetivo por meio de operações pontuais, como a Impacto. Atualmente, segundo a Polícia Militar, cerca de 2,3 mil agentes atuam diariamente no centro: aproximadamente 1 mil como parte do efetivo regular e o restante por meio das vagas da Operação Delegada, que permite a contratação de PMs em horário de folga pela Prefeitura.

“Com a Operação Delegada, a gente praticamente dobra o efetivo regular”, disse. O major destaca que o reajuste no valor pago aos policiais, anunciado no fim do ano passado, foi importante para aumentar o engajamento de agentes no programa. Segundo Vilardi, há a previsão de empregar cerca de 150 agentes especificamente no entorno do fluxo da Cracolândia.

Vilardi afirma que, em algumas ocasiões excepcionais, como carnaval ou fim de ano, ainda podem ser deflagradas operações excepcionais para aumentar os policiais em trabalho. “São efetivos de outras unidades que vêm para o centro para atuar em episódios específicos”, disse. No fim do ano, por exemplo, foram mais 200 agentes para dar conta de uma maior movimentação de pessoas.

Já em julho do ano passado o governo deflagrou na região da Baixada Santista a primeira fase da Operação Escudo, desencadeada após a morte de um soldado da Rota. A ação, que foi alvo de denúncias por excessos policiais, resultou em 28 mortes em pouco mais de um mês. Como mostrou o Estadão, as mortes cometidas por policiais militares e civis em serviço cresceram 39,6% no Estado de São Paulo em 2023. Foram registrados 384 casos.

Contratação de PMs da reserva para funções administrativas

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O governo Tarcísio programa ainda enviar para a Assembleia Legislativa um projeto que, uma vez aprovado, irá permitir que policiais militares da reserva e temporários sejam utilizados em serviços administrativos. “A exemplo do que nós já temos em outros Estados, inclusive nas Forças Armadas, com algumas medidas semelhantes”, disse.

O objetivo, com isso, é conseguir liberar policiais da ativa para que possam ser direcionados para atividade de policiamento. “A ideia é ser uma medida permanente. O número em si depende do processo legislativo, mas os primeiros estudos estavam (prevendo) em torno de 5 mil policiais”, disse Vilardi. A contratação deve ocorrer por meio de edital.

Ainda não há previsão de data exata de quando o projeto deve ser enviado, mas a expectativa é de que o projeto entre em vigor já neste ano. “Os policiais da reserva já têm a formação, então a capacitação deles já é mais curta. Os policiais temporários, a partir do momento da contratação, também têm um período de treinamento de formação, só que ele é mais curto que o do policial regular. De toda forma, eles podem passar ainda por um novo período de capacitação”, disse.

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Ampliação do uso de câmeras de monitoramento

A despeito das críticas feitas pelo governador em relação à efetividade das câmeras corporais usadas por policiais militares, atestada por diferentes estudos, a Secretaria da Segurança Pública afirmou que o Estado está promovendo a ampliação tecnológica na área da segurança pública para fortalecer o programa Muralha Paulista no combate ao crime organizado, em balanço publicado no fim do ano passado.

“Até dezembro (de 2023), 19,3 mil infratores foram detidos pelas forças de segurança com auxílio da tecnologia. Desse total, mais de 7,6 mil permanecem presos”, disse a pasta, em nota publicada no site oficial. Conforme a secretaria, a apreensão de drogas no período chegou a 250 toneladas, aumento de 12% em comparação com o mesmo período de 2022.

A pasta acrescentou ainda que, por meio de convênios firmados no período recente, interligou as câmeras do Estado, de municípios e da polícia em um único sistema, em medida que deve ser uma das apostas da gestão Tarcísio para o ano. “Ao todo, já são mais de 7,4 mil câmeras ativas”, disse.

A secretaria reforçou que o Muralha Paulista também consolidou neste ano o monitoramento em grandes eventos, com a recaptura de 38 procurados pela Justiça. Em um dos casos, como mostrou o Estadão na época, a polícia deteve dez procurados pela Justiça durante o Grande Prêmio de São Paulo de Fórmula 1, realizado em novembro do ano passado.

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