Eris: Nova variante da covid já é dominante nos EUA; o que sabemos até agora?

Essa subvariante da Ômicron também já foi detectada na Grã-Bretanha, Índia e Tailândia

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Por Grace Moon, Niha Masih, Adela Suliman e Fenit Nirappil
Atualização:

THE WASHINGTON POST – O novo coronavírus não desapareceu. Com o advento de vacinas bem-sucedidas e melhor gestão social, no entanto, diminuiu.

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Globalmente, mais de 1 milhão de novos casos de covid-19 e mais de 3,1 mil mortes foram relatados nos 28 dias que antecederam 3 de agosto, de acordo com o último relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS). Isso aumentou o número de mortos pela doença para quase 7 milhões desde o início da pandemia.

A atenção de especialistas em saúde pública em todo o mundo está sendo atraída por uma nova subvariante, conhecida como EG. 5 ou Eris, que está se tornando uma cepa dominante em países como Estados Unidos e Grã-Bretanha.

Profissional de saúde coleta uma amostra de swab de uma mulher para teste de covid em Porto Alegre, no Brasil Foto: Diego Vara/Reuters

O que é a EG. 5?

O EG. 5 é uma subvariante e descendente da Ômicron – que continua sendo a cepa de coronavírus mais prevalente no mundo. Ela ultrapassou por pouco outras descendentes da Ômicron que circulam nos Estados Unidos e agora responde pela maior proporção de casos de covid em todo o país, de acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC).

Usuários do Twitter e alguns meios de comunicação apelidaram-na, não oficialmente, de “Eris”, de acordo com a nomenclatura grega, mas esse nome não é usado oficialmente pela OMS.

Todos os vírus evoluem e mudam com o tempo. O virologista e pesquisador Stuart Turville, professor associado da Universidade de New South Wales, em Sydney, chamou a EG.5 de “um pouco mais traiçoeira” e “competitiva” do que suas parentes, capaz de “navegar melhor na presença de anticorpos” produzidos pelas vacinas. No entanto, evoluiu apenas ligeiramente para “dar a ela uma melhor capacidade de se envolver e entrar nas células um pouco melhor”, disse.

EG.5 pertence a uma família de subvariantes “todas dentro do guarda-chuva geral da Ômicron”, disse o professor Srinath Reddy, da Fundação de Saúde Pública da Índia. Tal como acontece com outras variantes da Ômicron, é “menos invasiva e letal no corpo”.

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“Está claro que veremos essa variante em particular ter seu período de domínio por algum tempo antes de ser substituída por outra”, disse ele. “Essa é a natureza do vírus.”

A EG.5, embora mais infecciosa, não é mais virulenta, e a resposta a ela é geralmente a mesma de outras variantes, porque “o impacto no corpo humano é praticamente o mesmo”, acrescentou.

Quais sintomas estão associados à EG.5?

Os sintomas dessa subvariante permanecem comuns ao coronavírus em geral e podem variar de efeitos leves a doenças mais graves. Eles podem incluir tosse, febre ou calafrios, falta de ar, fadiga, dores musculares ou corporais, perda de paladar ou olfato e dores de cabeça.

De acordo com Reddy, a EG.5 tende a causar sintomas como coriza, espirros e tosse seca. Ele acrescentou, no entanto, que com as flutuações sazonais e a falta de testes, diferenciar uma infecção da EG.5 de uma gripe ou resfriado comum pode ser difícil.

Vacinas e reforços ainda devem ser incentivados, assim como práticas sociais seguras, como usar máscaras e manter os quartos bem ventilados, dizem especialistas em saúde.

Os idosos podem ser mais vulneráveis a novas cepas, pois o efeito da vacinação pode diminuir mais rapidamente. Mas EG.5 não deve ser um motivo imediato de preocupação, disse Reddy.

Em que locais a EG. 5 foi relatada?

Nos Estados Unidos, a EG.5 é a mais prevalente, de acordo o CDC – ela é responsável por 17,3% de todos os casos de covid relatados durante o período de duas semanas, encerrado em 5 de agosto.

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Casos da subvariante EG.5 foram relatados em países como Grã-Bretanha, Índia e Tailândia. A EG.5 foi sinalizada pela primeira vez no início de julho, disse a Agência de Segurança de Saúde do Reino Unido, após relatos do surgimento na Ásia. Quase 12% de todas as amostras sequenciadas no final de julho foram classificadas como EG.5, disse a agência.

Quão perigosa pode ser a EG.5?

“Atualmente, não há evidências que sugiram que cause doenças mais graves”, disse Andrea Garcia, vice-presidente de ciência, medicina e saúde pública da Associação Médica Americana, no final de julho. “E o CDC está indicando que ela parece ser suscetível a vacinas contra o coronavírus, o que é uma boa notícia”, acrescentou.

Turville acha que a variante não é uma “preocupação significativa”, apesar do fato de “transmitir bem”, e aconselha aqueles que não receberam vacinas de reforço ou foram vacinados ou infectados com coronavírus nos últimos seis meses a considerar a imunização.

Os novos reforços funcionarão contra a EG.5?

Nos Estados Unidos, as autoridades de saúde estão se preparando para administrar, neste outono, doses de reforço de vacinas contra o coronavírus feitas com uma nova fórmula voltada para as subvariantes XBB, que foram responsáveis pela maioria das infecções em 2023.

O médico Eric Topol, professor de medicina molecular na Scripps Research, disse que há sobreposição suficiente entre as diferentes variantes para acreditar que o novo reforço protegeria as pessoas infectadas com EG.5 contra doenças graves. Ele disse que os reforços atualizados estarão melhor alinhados contra os vírus que circulam agora do que a fórmula atual voltada para a BA.5, subvariante que se tornou dominante no verão de 2022.

A ascensão da nova subvariante ilustra os desafios que as autoridades de saúde pública enfrentam ao tentar acompanhar um vírus em constante evolução, disse Topol.

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