Fúlvio Stefanini: bactéria que causou internação de ator tem alta letalidade; entenda riscos

‘Staphylococcus aureus’ também originou quadro que vitimou neto de Lula em 2019; principal causadora de infecção hospitalar, bactéria tem letalidade que pode chegar a 50% dos casos

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Foto do author Leon Ferrari
Por Leon Ferrari
Atualização:

O ator Fúlvio Stefanini, de 83 anos, revelou nesta quinta-feira, 25, que foi parar no hospital por conta de uma infecção bacteriana. No programa Encontro, da Rede Globo, ele disse que passou 16 dias internado, quatro deles em unidade de terapia intensiva (UTI), por causa da bactéria Staphylococcus aureus. “Senti que ia morrer”, disse.

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Em 2019, a mesma bactéria originou uma infecção generalizada que levou à morte do menino Arthur Araújo Lula da Silva, de 7 anos, neto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), conforme mostrou o Estadão. Inicialmente, o Hospital Bartira, onde estava internado Arthur, informou que o menino morreu por um tipo de meningite. Resultados de exames realizados pelo Instituto Adolfo Lutz, no entanto, descartaram meningite, meningite meningocócica e meningococcemia.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), as bactérias Staphylococcus aureus fazem parte da nossa “flora cutânea” (pele) e são uma causa comum de infecções. Elas são as principais causadoras das infecções dentro de unidades de saúde.

Bactéria é principal causadora de infecção hospitalar, diz professora  Foto: WERTHER SANTANA/ESTADÃO - 22/12/2020

Na pele

Joziana Barçante, coordenadora do Núcleo de Pesquisa Biomédica (Nupeb) e professora do departamento de Medicina da Universidade Federal de Lavras (UFLA), destaca que ela é uma bactéria que faz parte da nossa “microbiota residente”. “Ela pode estar presente na nossa mão, na superfície corporal, está presente no epitélio do trato respiratório.” Em indivíduos saudáveis, ela não deve causar complicações. Mas, para aqueles imunocomprometidos e pessoas debilitadas internadas em unidade hospitalar, pode ser letal.

Infecção e sintomas

Joziana explica que a Staphylococcus aureus é uma causa bastante comum de infecções e nem todas elas são graves. “Quando a gente fala de infecções comuns do nosso dia a dia, causadas por essa bactéria, podemos citar a própria espinha inflamada; quando você tem uma lesão na pele que causa aquele processo inflamatório mais amarelado; os furúnculos; as celulites”, lista. “Ela pode também causar a pneumonia, a meningite, endocardite, a septicemia.” Os sintomas vão depender do tecido ou órgão infectado.

A forma mais grave de infecção ocorre quando ela caí na corrente sanguínea. E isso ocorre, principalmente, no ambiente hospitalar. A bactéria é uma das principais causadoras de infecção nosocomial (hospitalar), de acordo com a professora. Isso pode acontecer, por exemplo, quando um cateter intravenoso está colonizado pelo microrganismo.

Letalidade alta

Para esses pacientes hospitalizados, a bactéria é um grande risco. “Um estudo recente feito no Reino Unido mostrou que a a média anual de casos relatados de infecção pela Staphylococcus aureus chega a 12,5 mil casos aproximadamente em pacientes hospitalizados, e a letalidade associada chega a 30%”, afirma. “Quando a gente traz esse número aos países de baixa renda, a letalidade associada pode chegar a 50%.”

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“Existem muitas cepas resistentes à principal droga e multirresistentes a diferentes classes de antibióticos”, destaca a professora.

Segundo a OMS, pessoas com infecções por Staphylococcus aureus resistentes à meticilina, por exemplo, têm 64% mais risco de morrer do que pessoas infectadas por cepas sensíveis a medicamentos.

Prevenção

Joziana destaca que a principal forma de prevenção em ambiente de saúde são medidas de higienização das mãos e das superfícies, uma vez porque ele é um patógeno muito frequente e não vai causar doença nos indivíduos saudáveis.

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