Os médicos de São Paulo decidiram manter uma paralisação marcada para quarta-feira, 19, após a reunião com a Prefeitura terminar sem acordo. Os profissionais reclamam de sobrecarga dos profissionais e desfalque de equipes, além do não pagamento de horas extras. O movimento ocorre em meio ao avanço da variante Ômicron e explosão de casos da covid-19 na capital.
Segundo o Sindicato dos Médicos de São Paulo (Simesp), uma reunião foi realizada nesta tarde com o secretário de saúde da capital, Edson Aparecido, e o secretário adjunto, Luiz Carlos Zamarco, mas as informações apresentados pela gestão municipal não atendem às queixas dos profissionais.
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"A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de São Paulo não apresentou nenhuma resposta capaz de responder às necessidades dos trabalhadores das Unidades Básicas de Saúde (UBSs)", afirmou o Simesp, em nota. Para o sindicato, a contratação de 140 médicos para a Assistência Médica Ambulatorial (AMA), apresentada pela Prefeitura, é "insuficiente" e não atende as UBSs.
Ao Estadão, na sexta-feira, Zamarco afirmou que a paralisação dos médicos, em meio ao aumento de infecções pela covid-19 na cidade, é uma "irresponsabilidade" e que a Prefeitura avaliava ir ao Ministério Público contra a greve. Procurada sobre essa possibilidade na noite desta segunda, a Secretaria Municipal da Saúde não respondeu.
Com o avanço da Ômicron e, ao mesmo tempo, maior imunização da população, tem havido sobrecarga principalmente nos estabelecimentos que fazem a atenção primária, como as UBSs e as Unidades de Pronto-Atendimento (UPAs). Nesses espaços, pacientes têm os sintomas avaliados pelos profissionais, fazem testes e, em casos de maior gravidade, são encaminhados para hospitais.
"A tendência atual é de um maior número de contaminações, superlotação e sobrecarga, culminando no colapso do sistema de saúde", afima o sindicato dos médicos. Segundo o Simesp, está mantida a decisão de convocar uma paralisação na quarta-feira, 19, quando também deve ocorrer um ato em frente à Prefeitura.
"As reivindicações seguem sendo principalmente por mais contratações nas UBSs, garantia de condições mínimas de trabalho (por melhor infraestrutura e abastecimento de insumos e medicamentos) e a retomada dos espaços de discussão entre o Sindicato e a Prefeitura", concluem.
Prefeitura diz que 100% do banco de horas será pago este mês
Por meio de nota, na noite desta segunda, a Secretaria Municipal da Saúde informou que o prefeito, Ricardo Nunes (MDB), autorizou o pagamento de 100% do banco de horas acumuladas até 31 de dezembro ainda neste mês, com os salários de janeiro.
"Além disso, a partir de agora, todas as horas extras e plantões extras serão pagos dentro da folha de pagamento do respectivo mês, inclusive para os servidores", informou a pasta.
Segundo a Secretaria Municipal da Saúde, as organizações parceiras já receberam autorização para contratação de 700 médicos e equipes de enfermagem para atender ao aumento de demanda nas unidades de Atenção Básica.
"As OSSs também estão autorizadas a comprar medicamentos e insumos de forma emergencial, caso a secretaria tenha alguma dificuldade pontual com seus processos de compras", completou.
A Prefeitura afirmou que os pontos debatidos durante a reunião desta segunda "serão formalizados pela SMS ao sindicato nesta terça-feira".