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Por que tantos botos têm morrido no Amazonas?

Mais de 100 mamíferos aquáticos tiveram sua morte registrada ao longo da última semana na região

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Por Redação
Atualização:

O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), órgão do Ministério do Meio Ambiente, informou neste sábado, 30, que vai apurar as causas das mortes de botos em Tefé (AM). A Amazônia sofre com seca extrema, que tem baixado o nível dos rios e dificultado o abastecimento e o transporte na região. A estiagem neste ano é agravada pelo fenômeno climático El Niño.

Na última semana, o Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, organização social de atuação na área ambiental, registrou a morte de mais de 100 mamíferos aquáticos, como o boto-vermelho e o tucuxi, que viviam no lago.

Boto vermelho morreu no lago Tefé, no Amazonas – Foto: André Zumak/Instituto Mamirauá Foto: André Zumak/Instituto Mamirauá

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Até agora, as causas não foram confirmadas, mas há indícios de que o calor e a seca histórica dos rios estejam provocando as mortes de peixes e mamíferos na região. O ICMBio disse que já mobilizou para a região equipes de veterinários e servidores do seu Centro de Mamíferos Aquáticos (CMA) e da Divisão de Emergência Ambiental, além de instituições parceiras para apurar as causas dessas mortes.

“Protocolos sanitários foram adotados para a destinação das carcaças. O ICMBio segue reforçando as ações para identificar as causas e, com isso, adotar medidas para proteger as espécies”, informou o ICMBio.

Diante do cenário,o Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá lançou alerta à população que mora nas proximidades do Lago Tefé para evitar o contato com as águas do lago e o uso recreativo. Segundo o Mamirauá, em alguns pontos do lago a temperatura ultrapassa a marca dos 39°.

Ao todo, 18 municípios do Amazonas já estão em situação de emergência. Outros 37 estão em ‘alerta’ e mais cinco declararam situação de atenção, conforme a Defesa Civil do Estado.

Em foto de janeiro de 2018, boto morto na Baía de Sepetiba, no litoral sul do Rio de Janeiro.  Foto: Wilton Junior/Estadão

Neste sábado, 30, em entrevista ao programa Viva Maria, da Rádio Nacional da Amazônia, um dos veículos da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), a coordenadora do Grupo de Pesquisa em Mamíferos Aquáticos Amazônicos do Mamirauá, Miriam Marmontel, disse que esses animais acabam atuando como sentinelas da qualidade da água e são os primeiros a ser afetados com mudanças provocadas no ambiente.

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“Eles nos deram o alerta e agora tem de ficar atento a isso. A tendência, se não mudarmos nossos hábitos, esses eventos vão continuar, mais aquecimento global, mudança nos parâmetros climáticos. E eles estão utilizando um ambiente que utilizamos muito, especialmente no Amazonas”, disse a pesquisadora.

“A situação é muito crítica, é emergencial, é uma coisa inusitada. Nunca tínhamos visto algo semelhante, embora já tenhamos passado por várias secas grandes aqui grandes na Amazônia, aqui na região de Tefé, mas esse ano, além da seca, da diminuição da superfície dos rios, da dificuldade dos ribeirinhos, conseguirem água, de se deslocarem de suas casa até o rio principal, tivemos esse evento de uma mortalidade muito grande de golfinhos”, completou.

Em nota, Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá disse que vem trabalhando para identificar as causas da mortandade, realizando ações de monitoramento dos animais ainda vivos, busca e recolhimento de carcaças, coletas de amostras para análises de doenças e da água, e “monitoramento das águas do lago, incluindo a temperatura da água e batimetria dos trechos críticos.”

As ações são realizadas em parceria com a prefeitura de Tefé, o ICMBio e a Defesa Civil. Para tentar diminuir os danos, entre sábado, 30 e domingo, 1.º, será realizada ação emergencial para retirar os animais ainda vivos.

“A partir desse final de semana vão chegar equipes que vão nos dar apoio e com experiência em resgate de cetáceos vivo para que possamos capturar e resgatar alguns dos animais ainda com vida, analisar a saúde, o sangue, alguns parâmetros vitais dos animais para entender melhor o que está acontecendo”, disse Miriam.

Mortandade de peixes é registrada no Lago do Piranha, em Manacapuru, no Amazonas Foto: Michael Dantas/AFP

Também viralizaram nas redes vídeos de milhares de peixes mortos no Rio Solimões, outro grande corredor aquático do bioma. A baixa nos rios ainda tem sido um entrave para o deslocamento das embarcações em vários cursos d’água do bioma, com cobrança de taxas mais caras para o transporte ou dificuldade de acesso a algumas áreas./ COM AGÊNCIA BRASIL

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