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Em 21 de julho de 1918, o mundo começava a tomar conhecimento da morte do último imperador da Rússia e de sua família. Telegramas com informações desencontradas sobre as circunstâncias que levaram os bolcheviques a fuzilarem o antigo Czar, Nicolau II - que caiu prisioneiro dos revolucionários com a Revolução de Outubro de 1917 - eram publicados nos jornais poucos dias após a execução do antigo monarca e de sua família, realizada em 17 de julho de 1918. Ainda hoje, completados 100 anos do fato, o evento é cercado por mistérios. Historiadores e cientistas vasculham fontes documentais, apuram pistas em investigações forenses e realizam análises genéticas buscando respostas sobre o fim dos Romanov. Na década de 1990, graças ao avanço das técnicas de análise de DNA os restos mortais de Nicolau II e sua família puderam ser identificados. Amostra de sangue de príncipe Philip, duque de Edimburgo e marido de Elizabeth II, rainha da Inglaterra, ajudaram na solução do mistério.
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A morte do Czar. A edição de 21 de julho de 1918 do Estado trouxe a primeira notícia sobre a execução de Nicolau II. A decisão sobre sua morte aconteceu num momento em que a Rússia se encontrava mergulhada na guerra civil e os bolcheviques, que haviam tomado o poder em 1917, sofriam ataques de exércitos contra-revolucionários e tropas estrangeiras e temiam que seus inimigos pudessem se unir em torno da figura do monarca. O telegrama vindo de agências de notícias em Londres, publicado no Estado, dizia que diante da descoberta de “uma conspiração contra-revolucionária em Ecaterimburgo, visando o rapto do ex-czar, o Conselho Regional do Ural resolveu fuzilar o antigo imperador.” A notícia terminava dizendo que a ex-czarina Alexandra e o czaréviche Alexi, antigo herdeiro do trono da Rússia, haviam sido enviados para um local seguro. Hoje é conhecido o fato que todos os membros da família real russa, Nicolau II, sua esposa e seus cinco filhos, foram mortos na madrugada de 17 de julho de 1918 por ordem do próprio Vladimir Lenin, segundo documentos guardados nos arquivos da antiga União Soviética e divulgados apenas em 1989. Seus corpos foram desfigurados com ácido sulfúrico, para não serem reconhecidos, e foram enterrados, sem qualquer identificação, numa vala aberta na região dos bosques de Ecaterimburgo.
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Décadas transcorreram até que alguma luz fosse jogada nos eventos daquela noite. Nos meses finais de 1918, notas e telegramas vindos da Europa ainda falavam sobre uma possível fuga da czarina e de algumas das princesas. Mesmo um ano após a morte dos Romanov, os jornais ainda se viam forçados a publicar notas confirmando seu falecimento. Um exemplo é a nota publicada em junho 1919 no Estado. Vinda de Berlim, a notícia dizia que eram infundadas as informações de que a czarina se encontrava com vida e que um telegrama oficial de Moscou declarava que toda a família do czar havia morrido. Mas, sem o conhecimento sobre o destino dos corpos e na ausência de maiores esclarecimentos, boatos e lendas sobre os momentos finais da família real russa cresceram. Nos anos 1920 e nas décadas seguintes, a ideia de que a filha caçula dos monarcas russos, Anastasia, havia sobrevivido ganhou força diante de reivindicações de mulheres que alegavam ser a grã-duquesa russa. A polonesa Anna Anderson, que faleceu em 1984, foi a mais convincente das impostoras. A lenda sobre a sobrevivência de Anastasia se tornou um dos mistérios mais célebres do século 20, inspirou filmes, como o clássico Anastasia (1956) com Ingrid Bergman, e até um desenho animado, Anastasia de 1997. Primeiro desenho de longa-metragem da Fox, a obra seguia a receita das histórias de princesas produzidas pela Disney e foi um sucesso de bilheteria.
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Fim do mistério. Foi apenas em 1989, com a glasnost em marcha, que o Kremlin autorizou a divulgação da descoberta das ossadas da família imperial russa. O local onde os Romanov estavam enterrados foi descoberto em 1979, mas a informação só veio a público dez anos depois. Na década de 1990, análises genéticas comprovaram que os ossos encontrados eram mesmo do czar Nicolau II, da czarina Alexandra e de seus filhos. Os cientistas compararam o DNA presentes nos ossos encontrados com o de descendentes vivos. A pesquisa contou com a colaboração do príncipe Philip - marido da rainha Elizabeth, da Inglaterra - que cedeu material genético para as análises. Ele está entre os remanescentes da linhagem real da czarina, é seu sobrinho-neto por parte de avó, Alexandra era irmã da avó de Philip. Seu sangue permitiu a identificação dos restos mortais da czarina e de seus filhos. Os ossos do czar também foram comparados e identificados com DNA de parentes vivos.
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