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Os 70 anos do brilhante e imprevisível Syd Barrett

Mesmo afastado do Pink Floyd, criador do grupo deixou marca que não se apaga

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No final da década de 60, um artista plástico de 21 anos inspirado por seus ídolos musicais e literários compôs ao lado de seus colegas de banda o disco The Piper at the Gates of Dawn. Conhecido como Syd Barrett, o jovem artista de alma criativa e sensível e que bem cedo já sabia tocar piano, violão e guitarra, faria a proeza de ter seu disco de estreia colocado como um dos mais importantes da história do rock. Isso no mesmo 1967 em que os Beatles lançavam o revolucionário Sgt Pepper. Se ainda estivesse vivo, Syd completaria hoje 70 anos. Viveu até os 60 e, apesar do apenas um par de anos vivido ao lado do Pink Floyd, sua marca continuou na banda durante toda a sua existência e mesmo depois dela, como se pôde ver nas recentes apresentações do guitarrista David Gilmour no Brasil.

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Amigo de infância de Syd, Gilmour foi quem o substitui em 1968 quando Barrett começou a não dar conta dos compromissos da banda que criara com Richard Wright, Roger Waters e Nick Manson. Piper influenciou jovens no mundo todo a criarem suas próprias bandas e é reverenciado como o abre-alas dos primórdios psicodélicos e do experimentalismo no rock. A maestria sonora criada por Syd e seus companheiros faz com que o disco seja ouvido hoje com a mesma emoção da primeira vez.

Foi ao lado de Gilmour, músico e exímio guitarrista, que Syd assistiu aos show dos Rolling Stones e Bob Dylan, confirmando de forma definitiva o desejo de também ser artista e ter um grupo musical, embora não estivesse preocupado com fama e dinheiro, o que lhe ocasionou os problemas futuros que foram intensificados pelo consumo de drogas.

 

Mesmo com os problemas de Syd, ainda havia a crença de que sua criatividade pudesse render uma obra solo consistente. Em 1970, o artista lançou dois discos - The Madcap Laughs e Barrett, tendo sido David Gilmour produtor em ambos e talvez o maior incentivador. O comportamento imprevisível de Syd naqueles anos impossibilitaria os álbuns terem sido produzidos por outra pessoa que não fosse seu paciente amigo de longa data. O tecladista do Pink Floyd, Richard Wright, também participaria do elenco de músicos do segundo álbum.

Estudante da Escola de Artes em Cambridge, Syd nunca abandonou a pintura, hobby que o acompanhou até o final da vida. Também era adepto dos desenhos, colagens, escrevia muitas cartas e muito do que produziu foi mantido por seus destinatários ou pela família. Sua arte ultrapassou a fronteiras da composição e da música, atingindo vários níveis da construção artística.

 

Independente do rumo que a vida de Syd tomou, o Pink Floyd seguiu o seu, embora tenha aproveitado a porta que o disco The Piper abriu para se conhecer enquanto grupo, aproveitar toda a aura do experimentalismo e conseguir compôr discos que hoje ecoam na mente das pessoas.

O primeiro disco do Pink Floyd, liderado pela criatividade de seu líder à época, e reverenciado pelo grupo até hoje, figura sempre em listas de revistas especializadas como um dos discos mais importantes da história do rock. Mesmo não sendo o mais importante na história da banda, propõe algo novo, um som menos preso às amarras da construção musical, mais solto e capaz de trazer uma experiência sonora que mexe com os sentidos.

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Em sua fase solo, embora sem muita representividade na história do rock, os trabalhos de Syd representam composições melódicas e em estilo acústico que beiram a informalidade. Mostram a criatividade em declínio de um artista que desbravou campos musicais e inspirou o caminho de novos artistas.

 

Foi esse homem que faleceu aos 60 anos em 7 de julho de 2006, em Cambridge, devido a intercorrências da diabetes, sem que nenhuma das especuladas doenças mentais tivesse sido diagnosticada. Porém, o Syd de 1967 deixou seu perpétuo legado: a influência sobre uma incontável porção de artistas, deixando fãs e seguidores. Viveu pouco artisticamente, mas o suficiente para contar algo.

Tags: Syd BarrettPink Floyd, rock

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