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Brasil diz que manterá aumento das tarifas e responsabiliza os EUA

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Por Redação

O Brasil responsabilizou a política expansionista dos Estados Unidos e outros países desenvolvidos pela sua decisão de aumentar as tarifas de importação de 100 produtos para proteger a indústria nacional, em resposta a um pedido dos EUA para que o país reconsiderasse seus planos. Em carta enviada ao representante dos EUA para assuntos comerciais, Ron Kirk, o ministro de Relações Exteriores, Antônio Patriota, disse que o aumento das tarifas é um instrumento permitido pela Organização Mundial do Comércio (OMC) e será mantido. "O mundo tem testemunhado políticas de expansão monetária maciça e o resgate de bancos e indústrias em escala sem precedentes, implementados pelos EUA e por outros países desenvolvidos", disse o chancelar brasileiro em carta divulgada nesta quinta-feira. "Como consequência, o Brasil tem sido obrigado a enfrentar uma valorização artificial de sua moeda e uma enxurrada de mercadorias importadas a preços artificialmente baixos." Kirk enviou na quarta-feira uma carta ao governo brasileiro classificando as medidas do Brasil de "protecionistas". Kirk afirmou que os EUA estão preocupados e acreditam que a elevação das tarifas do Brasil "impactem significativamente as exportações dos Estados Unidos ao Brasil em áreas-chave que interessam aos EUA". Patriota disse que os Estados Unidos têm sido beneficiados pela política de expansão monetária que tornou os produtos estrangeiros mais competitivos no mercado brasileiro. "Os EUA têm sido um dos principais beneficiários dessa situação. De 2007 a 2011, as exportações de produtos norte-americanos para o mercado brasileiro praticamente dobraram, passando de US$18,7 bilhões para US$ 34 bilhões." O governo brasileiro anunciou este mês a elevação do Imposto de Importação de 100 produtos de 12 para 25 por cento em média, para garantir aos produtos brasileiros maior competitividade em relação às importações. O governo prepara uma nova lista com mais 100 produtos que será divulgada em outubro. As tarifas ficaram abaixo do teto de 35 por cento estabelecido junto à OMC . Na carta ao representante norte-americano, Patriota afirma que discorda de Kirk quanto aos efeitos que as medidas adotadas pelo Brasil poderiam ter sobre o resultado da Rodada de Doha, que, segundo ele, "não tem avançado em função da falta de disposição de certos países desenvolvidos para efetuarem quaisquer mudanças significativas em suas políticas protecionistas". O chanceler brasileiro destacou ainda que o Brasil está preocupado com a perspectiva de continuação dos "subsídios ilegais" concedidos à produção agrícola pelos EUA, que impactam o Brasil e outros países em desenvolvimento. "Os EUA conseguiram, em período tão curto, quase dobrar suas exportações para o Brasil e continuam a colher os benefícios de nosso mercado em expansão. Mas seria mais justo se esses aumentos ocorressem em um ambiente que não estivesse distorcido por desalinhamentos cambiais e escancarado apoio governamental", afirma Patriota. O chanceler encerra a carta dizendo que o Brasil "não abdicará de seu direito" e que "permanece disposto a trabalhar com os EUA com vistas a promover uma relação comercial equilibrada e mutuamente benéfica". (Reportagem de Tatiana Ramil)

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