PUBLICIDADE

Cenário incerto faz Vale reduzir investimento em 2013

PUBLICIDADE

Por SABRINA LORENZI E GUSTAVO BONATO

A Vale vai reduzir investimentos, buscar parceiros, sair de projetos que não lhe dão retorno e continuar implementando corte de custos diante do cenário incerto de preços de minério de ferro e metais no mercado internacional, disse nesta quinta-feira o diretor-executivo de Finanças e Relações com Investidores da companhia, Luciano Siani. A anúncio foi feito um dia depois que a maior produtora de minério de ferro do mundo divulgou redução de 57,8 por cento no seu lucro líquido no terceiro trimestre, impactado pelo forte recuo dos preços do seu principal produto. "O Capex vai ter seu pico em 2012. Não vai ser tão alto quanto anunciamos em 2011, quando fizemos esse plano. Estamos fazendo um esforço para ter um número menor", afirmou Siani a analistas. "E com certeza em 2013, nosso objetivo é ter um número ainda menor. Ainda será significativo, porque temos opções de crescimento importantes, mas ainda um número menor do que a tendência de 2012", acrescentou. Em seu plano de investimentos para este ano, divulgado no final do ano passado, a Vale estima investir 21 bilhões de dólares. A mineradora investiu 12,2 bilhões de dólares no acumulado do ano até setembro. O valor --que não inclui aquisições-- supera em quase 1 bilhão de dólares o montante realizado no mesmo período do ano passado, apesar de ainda estar longe da meta inicial. Apesar da redução no investimento esperada para o próximo ano, o diretor destacou que o Capex ainda será expressivo. "O investimento em 2013 continuará sendo o maior da indústria de mineração e o maior investimento privado do Brasil", acrescentou. As ações da Vale fecharam com alta de 5,5 por cento, enquanto o Ibovespa encerrou com ganhos de 1,1 por cento, depois de o minério de ferro ter subido ao seu maior valor em três meses, após recuperação iniciada em setembro. NOVA CALEDÔNIA Sobre desinvestimentos, ele minimizou os recursos que a Vale poderá se desfazer. "Quando a Vale fala em desinvestimento, não se deve esperar nada excitante", ressaltou o diretor. Entre os projetos na mira da Vale para possível desinvestimento está o empreendimento de níquel na Nova Caledônia, ilha no sul do Pacífico. Mais cedo a Sumitomo Metal Mining e a Mitsui, parceiros da Vale no projeto, anunciaram que vão reduzir investimentos. "No primeiro trimestre de 2013 nós vamos discutir e decidir se essa operação é viável em termos de capacidade e em termos de crescimento", disse o diretor-executivo de Metais Básicos e TI da empresa brasileira, Peter Poppinga. TROCA DE PRIORIDADE Na quarta-feira, a Vale anunciou que colocou em revisão o escopo e o cronograma do projeto de ferro Simandou, com potencial gigante, na Guiné, por dificuldades com o governo local e por haver "incertezas demais". A Vale não deve investir expressivamente em Simandou tão cedo, disse o diretor financeiro da Vale. Entre as questões que pesam para a revisão, segundo ele, está a participação que o governo local quer ter no projeto e as dúvidas em torno da infraestrutura. A Reuters antecipou em setembro que o projeto perdeu prioridade na carteira de investimentos da mineradora para Serra Sul, outro gigantesco projeto de ferro, localizado no Pará. O freio em Simandou, confirmou Siani nesta quinta-feira, abre caminho para a mineradora concentrar investimentos em Serra Sul, projeto em Carajás de 90 milhões de toneladas anuais de minério. Tanto o projeto de expansão da produção em Carajás quanto o de carvão Moatize, em Moçambique, são prioridades, segundo a mineradora. Com a expansão Carajás, a Vale diz que vai recuperar participação de mercado perdida nos últimos anos. A Vale também confirmou que o projeto da sua siderúrgica do Pará (Alpa), na qual por enquanto é a única investidora, depende de solução logística para prosseguir. As obras estão paradas em meio a um impasse com o governo sobre investimentos na hidrovia no Rio Tocantins, por onde a mineradora planejava transportar minério e escoar sua produção de aço, como antecipou a Reuters Sobre a venda da fatia da ThyssenKrupp na Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA), da qual também é sócia, a Vale disse que é expectadora do processo e não tem interesse em aumentar participação. O executivo disse que a mineradora buscará parcerias para compor alguns projetos, como é o caso de Rio Colorado, na Argentina. Ele afirmou que a companhia está tentando mitigar todos os riscos do projeto de potássio, um empreendimento bilionário de potássio no país vizinho. Ao contrário de Simandou, o projeto Rio Colorado continua no portfólio de principais projetos com previsão de início de operação, que é no segundo semestre de 2014. "Estamos ativamente buscando parceiros para o projeto", disse Siani. As parcerias, explicou, podem reduzir necessidade de investimentos pela Vale e incluir ativos minoritários, mas não de minério de ferro. (Com reportagem adicional e edição de Roberto Samora e Raquel Stenzel)

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.