PUBLICIDADE

Conselho de Direitos Humanos cobra ação emergencial em crise carcerária no Maranhão

PUBLICIDADE

Foto do author Redação
Por Redação

O Conselho de Defesa da Pessoa Humana, grupo que tem a participação da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, cobrou nesta quinta-feira que o governo do Maranhão apresente um plano emergencial para conter a onda de violência no Estado e pediu que as violações de direitos humanos sejam apurados. O Maranhão tem vivido uma onda de violência com imagens chocantes de presos decaptados no Complexo Penitenciário de Pedrinhas, em São Luís e a morte de uma criança após um ônibus ser incendiado, o que provocou a manifestação e cobrança de órgãos internacionais como a Organização das Nações Unidas (ONU). Em reunião na tarde desta quinta-feira, o conselho integrado por representantes dos três poderes e de organizações da sociedade civil aprovou uma declaração pública, cobrando providências a respeito da recente onda de violência e da crise no sistema penitenciário do Maranhão. "A sociedade brasileira precisa cobrar providências maiores... do que as que têm sido tomadas até então", disse o procurador Federal dos Direitos do Cidadão, Aurélio Veiga Rios, que representava o Ministério Público na reunião. "A violência com que tratamos as pessoas detidas invariavelmente volta para toda a sociedade", disse. A declaração do conselho cobra ainda a responsabilização de agentes do Estado que possam ter participado das ações criminosas ou de improbidade administrativa protagonizadas nos presídios, além de solicitar ao Ministério da Justiça um mutirão para organizar e separar os detentos, atualmente encarcerados sem distinção de periculosidade, reincidência ou idade. Durante o encontro, diversos membros do conselho, formado por representantes da Secretaria de Direitos Humanos, Ministério das Relações Exteriores, Ministério Público, Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Ministério da Justiça, e outros órgãos, como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), defenderam uma intervenção federal no sistema prisional maranhense, sugestão que precisa ser formalmente proposta pelo Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot. A situação prisional no Estado já era foco de tensão desde outubro do ano passado, quando o governo do Maranhão decretou situação de emergência no Sistema Penitenciário do Estado. A situação resultou no envio da Força Nacional de Segurança e chamou a atenção da Organização dos Estados Americanos (OEA). A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), órgão da OEA, chegou a fazer em novembro um chamado urgente às autoridades brasileiras para que contivessem a barbárie dos presídios, em ações como o desarmamento dos detentos, um incremento na segurança interior do complexo e redução da superlotação, entre outros pontos. Na última sexta-feira, homens atearam fogo a ônibus e delegacias na capital maranhense, resultando na morte de uma menina de 6 anos como consequência de queimaduras na maior parte do corpo. A ordem teria partido de dentro de um presídio, em resposta a ação do governo do Estado que fazia uma ação para conter a violência nos presídios. Na terça-feira, em um novo capítulo sobre as violações presentes no complexo penitenciário, o jornal Folha de S.Paulo publicou reportagem feita a partir de vídeo que mostrava três presos decaptados. As imagens teriam sido gravadas em dezembro, no Complexo Penitenciário de Pedrinhas. No mesmo dia, a Anistia Internacional divulgou nota pública em que criticou a "escalada da violência" e "a falta de soluções concretas para os problemas do sistema penitenciário" no Maranhão, situação que, segundo a organização, levou ao assassinato de 60 pessoas somente no ano passado. Na quarta-feira, o Alto Comissariado das Nações Unidas para o Brasil (ACNUDH) divulgou nota em que lamenta ter de "mais uma vez, expressar preocupação com o péssimo estado das prisões no Brasil", instando as autoridades a tomar providências imediatas em Pedrinhas. Relatórios do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e do Conselho Nacional do Ministério Público (CNPM) divulgados no fim do ano passado já apontavam desrespeitos e violações aos direitos humanos na penitenciária, indicando casos de superlotação, violência e relatos de estupros de familiares de presidiários durante as visitas em troca da vida de seus parentes. (Reportagem de Maria Carolina Marcello)

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.