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Crônica, política e derivações

Direito Internacional e as leis de guerra.

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DIREITO INTERNACIONAL E AS LEIS DA GUERRA

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Em 1939, antes de invadir a Polônia, Adolf Hitler proferiu um discurso intitulado "Oração pela paz". Tal retórica, hipócrita e frequentemente utilizada por regimes totalitários e antidemocráticos, de origem política ou teocrática, serve para justificar atos de barbárie e violência em processos de conquista militar. George Orwell denunciou, em seus livros, o que chamou de "duplilanguage", em que as palavras frequentemente transmitem o oposto da realidade.

Temos observado uma ação sociodramática semelhante na contínua guerra do grupo Hamas contra o Estado de Israel. A verdade se compõe de um conjunto de fatos nos quais o "apartheid" sempre existiu, seja étnico ou social. A miséria e a baixa qualidade de vida, abaixo da linha da pobreza, dão espaço a uma farsa política que nos remete ao infame "caso Dreyfus" na França, um processo antissemita denunciado por Émile Zola no corajoso manifesto no L'Aurore, em seu épico "J'Acuse" e ecoado pelo nosso notável Rui Barbosa.

Forças internacionais compostas por radicais de esquerda e direita, aliadas a grupos terroristas muçulmanos e apoiadas por uma mídia com vícios recorrentes, planejam usar de forma instrumental o governo da África do Sul para acusar Israel de genocídio contra o povo palestino no Tribunal Penal Internacional. Destarte, para um observador mais atento os aspectos subliminares desta narrativa torna-se auto-evidente: retrata uma minoria étnica perseguida, com uma entidade terrorista sendo porta-voz de "refugiados" palestinos inocentes, vítimas de outras minorias "algozes" como judeus e cristãos. A inversão é escandalosa.  Um povo que perdeu seis milhões de indivíduos no Shoá, o mais cruel genocídio da história, já nomeado como o maior drama da história ocidental, é transformado, sob insinuações reminiscentes da Inquisição e nas palavras do Papa Francisco, em algoz de Jesus e nas acusações teobasharianas em Gaza.

Com o apoio da Secretaria Geral da ONU, herdeira das significativas responsabilidades históricas da fundação do Estado judeu, ressurge a infame acusação de desumanidade pelo deicídio atribuída ao povo judeu. A acusação é seguida por intrigas análogas aquelas que motivaram o folhetim de autoria das polícia czarista, o hediondo texto "Protocolos dos Sábios de Sião", que descrevem Jesus como um impostor. Assim como as falsificações pseudo científicas do principal teórico do partido nazista Alfred Rosemberg que, a mando de Hitler, criou uma "Igreja Alemã", excêntrica abominação ética, que supostamente "provava" a origem ariana de Jesus.

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A contabilidade dos mortos em Gaza, tal como apresentada por diversas organizações e meios de comunicação, é um paradigmático exemplo da exímia  manipulação de informações em cenários de conflito. Muitas vezes, os números de baixas são apresentados sem a devida verificação ou comprovação independente, muitas vezes de forma instantânea, seguindo uma narrativa que, a maior parte das vezes, parece mais preocupada em servir a agendas políticas do que em retratar a realidade de solo. Este fenômeno é agravado pelo fato de que as fontes primárias desses dados são frequentemente entidades controladas ou influenciadas pelo exército terrorista do Hamas, que têm seus próprios interesses em moldar a percepção da opinião pública internacional.

Assim, números inflados ou descontextualizados circulam amplamente, alimentados por uma nada acurada cadeia de repasses que vai do Ministério da Saúde de Gaza, passando pela UNRWA, até chegar à própria ONU, e daí para ONGs, ativistas e jornalistas. Estes dados são então disseminados acriticamente sem a devida contra checagem,  perpetuando uma narrativa que pode não refletir necessariamente a complexidade e contexto do conflito. Mas funciona muito bem à causa jihadista. Em suma, a rede de informações operacionalizada demonstra como a verdade pode ser facilmente obscurecida em meio às névoas da guerra, especialmente quando há mais interesses políticos e ideológicos em jogo, do que esclarecer a verdade dos fatos, mesmo que a ideia filosófica de "verdade" seja sempre controversa.

O antissemitismo histórico, agora bem disfarçado e acobertado pelo ideário antissionista, perpetua a judeofobia criminosa que sempre tenta se legitimar, seja por argumentos jurídicos, teológicos ou morais. O assassinato de Abel por Caim, discutido na Universidade Eötvös Loránd, é um exemplo. Seguindo a linha do socialista italiano "Avanti" e da paranoia stalinista que levou à morte de Trotski e à fabricação de conspirações judaicas nos "Julgamentos de Moscou", acadêmicos frustrados e criminosos das periferias urbanas tentam reviver "pogroms" em larga escala, incitando ao ódio e à violência contra judeus na Europa, Estados Unidos e nos países do Terceiro Mundo.

As leis de guerra frequentemente não seguem os princípios do Direito, a não ser pela narrativa das mentiras industrializadas operando junto aos "inocentes úteis". Os cadáveres das vítimas são testemunhas do crime contínuo que se perpetua em Haia, onde a vítima é condenada pelo crime de pretender garantir a soberania do pequeno Estado judeu, enquanto o réu confesso é protegido pela cegueira coletiva. Em um mundo que se cala, no silêncio cúmplice, como o que ocorreu enquanto as câmaras de gás funcionavam, assistimos ao verdadeiro genocídio de um povo que insiste em respeitar as Leis do Sinai.

Está na hora da sociedade reafirmar de forma uníssona:  basta, nunca mais é agora, já, imediatamente.

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Ariel Krok, Flávio Goldberg e Paulo Rosenthal

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