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Eduardo Paes diz que fará internação compulsória de viciados no Rio

Segundo o prefeito reeleito da capital fluminense, medida será iniciada em breve; tratamento forçoso de usuários de crack é questionado pelo Conselho de Psicologia

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O prefeito reeleito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), afirmou nesta segunda-feira, 22, que adotará a internação compulsória até mesmo para adultos dependentes químicos na capital fluminense. "Vamos criar uma estrutura própria, se possível ainda este ano, de forma emergencial. A partir da construção dessa estrutura, vamos iniciar a internação compulsória de adultos também. Está muito claro que os dependentes dessa droga não conseguem tomar decisões", disse.De acordo com Paes, a medida será iniciada "em breve". Autorizada por decisão judicial na capital, a internação forçosa de jovens usuários de crack é questionada pelo Conselho Regional de Psicologia do Rio de Janeiro (CRP-RJ), que aponta "regresso à lógica manicomial" em abrigos mantidos pela prefeitura na zona oeste da cidade.O prefeito reeleito do Rio não explicou como tornará possível esta decisão. Segundo Paes, as Secretarias Municipais de Saúde e Defesa Civil (SMSDC) e de Assistência Social (SMAS) apresentarão em até duas semanas um plano para criação de 600 vagas de internamento e tratamento de dependentes químicos. Atualmente, há 178 vagas para internação compulsória de crianças e adolescentes no município. "A lógica da assistência social no Rio é higienista e excludente. Não querem ver pobre na rua", afirma a psicóloga Alice De Marchi, uma das responsáveis pelo relatório do CRP-RJ que, após visitas aos quatro abrigos da zona oeste este ano, denunciou o "encarceramento e o uso descontrolado de medicamentos". As unidades são geridas pela organização não governamental (ONG) Casa Espírita Tesloo, presidida por um policial militar reformado, que já recebeu R$ 67 milhões em contratos na gestão de Paes, conforme o parecer.A decisão do prefeito reeleito foi anunciada após reunião com representantes de associações de moradores do Jacarezinho e de Manguinhos, favelas ocupadas por forças de segurança desde o dia 14.

 

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Uma semana após a operação, 240 usuários tinham sido levados para abrigos municipais - 224 eram adultos. A ocupação policial provocou uma migração de dependentes químicos para outras áreas do entorno, até mesmo canteiros de obras em viadutos da Avenida Brasil. Paes disse que a administração municipal investirá R$ 220 milhões em projetos para a região. "Não vou ficar no debate ideológico. Nossa obrigação é salvar vidas", diz.

 

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