PUBLICIDADE

Festival de Berlim premia irmãos Taviani

PUBLICIDADE

Pode ser que o júri presidido pelo inglês Mike Leigh tenha cometido alguns desatinos - como atribuir dois prêmios ao filme dinamarquês A Royal Affair, de Nikolaj Arcel. Melhor roteiro e melhor ator (Mikkel Boe Folsgaard) foram demais para um trabalho que, a rigor, nem deveria ter integrado a seleção da Berlinale. Mas, de resto, o júri foi impecável - melhor atriz para Rachel Mwanza, por War Witch, de Kim Ngoyen; grande prêmio (Urso de Prata) para o admirável Just the Wind, de Bence Fliegauf, da Hungria; e o maior acerto de todos, o Urso de Ouro de melhor filme para os irmãos Paolo e Vittorio Taviani, da Itália, por Cesare Deve Morire ("César deve morrer").Muita gente se perguntava: o que Nanni Moretti fazia na plateia? O importante autor italiano veio acompanhando Paolo e Vittorio, que já haviam regressado a Roma, mas voltaram correndo, chamados pelo festival. Os velhinhos foram maravilhosos. Seu filme é sobre os presos de uma cadeia de segurança máxima que integram um grupo de teatro e representam Julio Cesar, de Shakespeare. Na cenas decisiva, um desses homens, condenado à prisão perpétua, volta para sua cela. E ele diz a frase decisiva: "Desde que descobri a arte isso aqui me parece, sim, uma prisão".Paolo e Vittorio pediram ao público de todo o mundo, quando vir o filme, que se lembre de que os condenados também são humanos. O discurso do diretor húngaro foi pelo mesmo caminho. Seu filme é sobre uma onda de atentados contra ciganos que atingiu o país em 2008 e 2009. Eles dedicaram seu Urso de Prata aos trabalhadores sociais que desafiam preconceitos e muitas vezes se arriscam para ajudar os necessitados. Rachel Mwanza, que faz a menina-soldado, era a mais emocionada. Simplesmente, não acreditava que havia vencido.A nota irônica da noite ficou com o cineasta português Miguel Gomes, autor do admirável Tabu, que um dia antes vencera o prêmio da crítica. O júri lhe atribuiu o Troféu Alfred Bauer, que destaca a inovação estética. Gomes disse que estava confuso. Achou que tinha feito um filme clássico. O prêmio de direção, outro Urso de Prata, contemplou o melhor filme alemão da competição - Barbara, de Christian Petzold. E o júri ainda atribuiu o seu prêmio especial a La Fille d'en Haut, da suíça Ursula Meier, um bonito trabalho sobre a complicada relação de um pequeno ladrão e sua irmã.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.