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Inquérito não será concluído antes de julho, diz delegado

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Por Redação
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No 27º Distrito Policial de São Paulo, o inquérito destinado a apurar as responsabilidades pelo acidente da TAM já tem 27 volumes, com 5.400 páginas. Já foram ouvidas mais de 300 pessoas. Mesmo assim, segundo informações do delegado responsável, Antonio Carlos Barbosa, o trabalho não deverá ser concluído antes de julho, quando a tragédia completará um ano. A demora é atribuída a vários fatores. Um deles é o laudo técnico do Instituto de Criminalística de São Paulo, que será produzido a partir deste mês, com prazo de entrega previsto para maio ou junho. Depois disso, o delegado deverá demorar mais um mês para preparar as conclusões. Outra causa seria a demora das autoridades federais no encaminhamento de relatórios periciais de especialistas da Aeronáutica e da Polícia Federal, além de outros documentos, como atas de reuniões da Anac. Parte desses documentos deve ser mantida em sigilo, por causa de acordos internacionais de aviação dos quais o Brasil faz parte, e só podem ser obtidos por via judicial. "Estamos enviando requisições. Mesmo assim, demora", diz Barbosa. Ao lado das investigações, as famílias discutem separadamente com a seguradora da TAM o valor das indenizações a que têm direito. Segundo a assessoria da empresa aérea, já foram pagas 30 famílias; outras 11 vão receber nos próximos dias. Ainda conforme a TAM, parte dos parentes aceitou adiantamentos para cobrir despesas de emergência. A associação de familiares não tem uma orientação única para os sócios. TEMPO O vice-presidente da associação, Archelau Xavier, de 55 anos, conta que as primeiras propostas feitas pela seguradora foram muito baixas. "A solução, nesses casos, é recorrer à Justiça, mas no Brasil isso não funciona - porque as empresas, com poder econômico, conseguem prorrogar sempre o resultado final. No caso do acidente com o Fokker 100, em 1996, as pessoas que foram à Justiça lá fora do Brasil já receberam; os que ficaram estão com os processos rolando até hoje." A filha de Archelau, a administradora de empresas Paula Xavier, foi enterrada no dia 27 de julho - o dia de seu aniversário, quando faria 24 anos. Ela e o namorado estavam voltando de Gramado, no Rio Grande do Sul, onde tinham ido comemorar o segundo aniversário de namoro. "Ela foi arrebatada da família pela negligência de quem deveria fiscalizar, de quem deveria ter cuidado da pista e da TAM", acusa o pai. Ele tem esperança de que o inquérito policial aponte culpados. "Já existe um fato positivo nessa história, que foi o indiciamento, por iniciativa do Ministério Público Federal, do ex-presidente da Anac, Milton Zuanazzi, e da ex-diretora Denise Abreu, por improbidade administrativa."

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