Malhação de Judas critica uso de cartão corporativo

Seis bonecos de 1,80 metro que representavam políticos e autoridades como Lula, Serra e Kassab

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Por Amanda Valeri
Atualização:

A tradicional malhação de Judas na rua Lavapés, no bairro do Cambuci, região central de São Paulo, espancou bonecos de políticos e criticou o uso do cartão corporativo, assunto conhecido depois das denúncias de que ministros e servidores públicos usufruíram de forma irregular desse instrumento. O estudante Henrique Firmino Adriano, 15 anos, que participa há mais de dez anos da brincadeira, foi à rua Lavapés este ano com um único objetivo: "Eu vou pegar a cabeça do Kassab (prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab). É a que vale mais. Ele é o mais polêmico", disse, minutos antes do início do cortejo que levava o boneco do prefeito feito de espumas e roupas de brechó, deitado em um caixão até o número 248 da rua. A diversão das crianças, maioria do público presente, é a malhação. Este ano, seis bonecos de 1,80 metro que representavam políticos e autoridades - o presidente Luiz Inácio Lula da Silva; o governador de São Paulo, José Serra; o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab; o secretário das subprefeituras, Andrea Matarazzo; além de um boneco simbolizando o cartão corporativo - foram malhados por cerca de 80 pessoas, segundo estimativa da Polícia Federal. "É uma vergonha. Tem tanta gente passando fome e os políticos estão aí usando o cartão para ir ao salão de beleza, para ir passear", disse o comerciante Oswaldo Rodrigues das Neves, o Magrão, que há 22 anos organiza a brincadeira, justificando a escolha do cartão corporativo como um dos personagens da malhação. Os primeiros 200 metros da Rua Lavapés foram bloqueados pela Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), por segurança, e por uma barreira de policiais. Nenhuma ocorrência foi registrada durante a festa.

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