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Mercado à vista dominou vendas da Vale no 4o tri

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Por SABRINA LORENZI

A grande maioria das vendas de minério de ferro da Vale no quarto-trimestre de 2011 refletiu preços que estiveram mais relacionados ao mercado à vista, que apresentou uma queda, enquanto uma parcela menor das negociações esteve baseada em contratos com prazos mais longos para a determinação do valor, o que significou um reviravolta no modelo da precificação da companhia. "Com relação a preços, 80 por cento das nossas vendas estão se referindo ao preço real do trimestre, quer dizer, seja o spot diário ou seja a média do mês ou a média do trimestre, dependendo da negociação que é feita com os clientes. E 20 por cento se mantém na fórmula anterior", afirmou o diretor de Ferrosos e Estratégia da Vale, José Carlos Martins. Os contratos da fórmula anterior, com prazos mais longos, foram mantidos basicamente por clientes japoneses e coreanos, informou Martins. A troca do modelo iniciado em 2010 que mantinha uma maior estabilidade nos preços por outras formas de negociação que privilegiam o mercado "spot" foi um dos fatores que contribuíram para reduzir o lucro da empresa no final do ano passado, conforme apontaram analistas de mercado. Mas o executivo ponderou que o impacto negativo da mudança de precificação poderá ser revertida, acreditando em uma demanda mais forte a partir do segundo trimestre, o que possibilitaria um aumento nos preços. "Na medida em que o preço se estabiliza num determinado patamar, a tendência é de os dois preços convergirem e não tem muita diferença entre os dois. No primeiro momento, é que se tem impacto entre os dois", disse, em teleconferência para analistas de mercado. "Acreditamos que com final do inverno e com a recuperação do setor de construção da China deveremos ter impacto mais favorável da demanda", acrescentou o executivo. A Vale registrou lucro líquido de 4,672 bilhões de dólares no quarto trimestre do ano passado, num recuo de 21 por cento na comparação com o mesmo período de 2010, mas o resultado foi suficiente para fazer a mineradora fechar 2011 com um novo recorde anual, de 22,88 bilhões de dólares de lucro. O balanço foi divulgado na noite de quarta-feira. O lucro da maior produtora de minério de ferro do mundo ficou exatamente dentro da média de projeções de analistas consultados pela Reuters, que já esperavam por um resultado mais fraco no último trimestre do ano por causa de menores preços do principal produto da companhia. CRESCIMENTO A PARTIR DE CARAJÁS Na mesma teleconferência, o presidente da Vale, Murilo Ferreira, afirmou que a empresa está focada no crescimento orgânico, especialmente com a expectativa em torno de Serra Azul e mina de Serra do Norte. Ele informou ainda que a companhia não está envolvida em negociação para compras de outras empresas, mas observa oportunidades no mercado. Os executivos que participaram da teleconferência afirmaram ainda que a Vale está aguardando avaliação de associações representativas do setor de mineração para agir com relação à cobrança de novas taxas criadas por Minas Gerais, Pará e Amapá. A Vale reiterou que os problemas com portos chineses se limitam a questões técnicas. Recentemente, o governo chinês impôs limitações à entrada dos Valemax. Vale avalia que com o funcionamento do centro de distribuição na Malásia todas as questões referentes aos meganavios deverão ficar solucionadas, segundo Martins. (com reportagem adicional de Jeb Blount)

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