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Moradores acusam militares de abuso em favela do Rio

Membros do Exército são acusados de arrombar residências e até de disparar tiros e gás pimenta

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Por Pedro Dantas e de O Estado de S. Paulo
Atualização:

Terminou em briga o início das obras do projeto Cimento Social marcado para esta terça-feira, 18, no Morro da Providência, na zona portuária do Rio. Acompanhada de moradores, a presidente da associação local, Márcia Silva, acusou os militares de abusos contra moradores, arrombamento de residências e até de disparar tiros e gás pimenta na favela. "Caso o Exército se retire, as obras vão acontecer sem problemas", afirmou. "Os militares que estão na comunidade abusam da autoridade e das 120 casas que eles pretendem reformar, conseguiram a autorização apenas de 11, sendo que duas precisam de reformas estruturais antes de obras de fachada. Anteontem, 20 moradores recusaram as obras", disse Márcia. A mudança de atitude da líder comunitária surpreendeu o Comando Militar do Leste (CML). Em reunião com o general Williams Soares, comandante da 9ª Brigada de Infantaria Motorizada, que ocupa a favela desde quinta-feira, ela havia dito que a comunidade não tinha problemas com os militares e foi atendida ao pedir a redução do efetivo de 200 para 60 homens na ocupação. A assessoria do CML informou que a ouvidoria do quartel da Companhia do Comando do CML, em Santo Cristo, não registrou nenhuma queixa. O Exército também informou que a atual fase do projeto está a cargo dos engenheiros e "requer tempo". Segundo moradores, a tranqüilidade dos primeiros dias de ocupação se transformou em tensão após incidentes no último final de semana. "Na noite de sábado, durante uma festa nordestina moradores passaram mal com cheiro de gás pimenta. Vaiamos os soldados e jogamos ovos. Um oficial pediu desculpas e disse que o spray foi disparado acidentalmente", disse a empregada doméstica Lílian Guimarães Atala, de 36 anos. Ela afirmou que uma casa sua em construção foi arrombada por militares durante o final de semana.

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