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O fast-food da dinastia Ming

Lee se divide entre a fábrica de rolinhos primavera e uma badalada barraca na Liberdade

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Por Redação
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Wu Ming Lee não tem tempo para mais nada - sete dias na semana, sete dias de trabalho. De segunda a sexta, o empresário chinês de 42 anos comanda a empresa de massas da família, em jornadas de até 12 horas diárias. Aos sábados e domingos, toma conta da barraca de comida oriental do pai, há 35 anos no mesmo ponto da Feira da Liberdade, vendendo tempurá e pão chinês, além dos espetos de camarão tão procurados pelo tratador João Caetano, e por outras 800 pessoas, que enfrentam multidões para comprar a iguaria a cada fim de semana."É pouco tempo livre, mas tudo bem. Agora é hora de correr, para cumprir o plano de me aposentar aos 50", disse Ming Lee, num rápido encontro no Shopping Eldorado, em Pinheiros, zona oeste, no fim de mais um dia de trabalho. Dentro da puxada rotina, o empresário - nascido em Taiwan, mas vivendo em São Paulo desde os 6 anos - tem folga apenas à noite. "Até dá para me dedicar a algum hobby, mas sem condições de levar a sério."Tanto esforço trouxe aos negócios bons resultados. Desde os 11 anos tomando conta da barraca do pai, Ming Lee criou a partir dela uma lucrativa empresa de massas orientais, que abastece redes de fast-food de comida chinesa de todo o País. Localizada em Cotia, na grande São Paulo, sua empresa produz massa para a maioria dos rolinhos primavera que chegam à casa dos paulistanos via redes de delivery de comida chinesa.Ainda assim, mesmo com a guinada na dinâmica da renda familiar, trocando o artesanal pelo industrial, o empresário garante que o maior orgulho dos Ming Lee - que chegaram ao Brasil em 1973, buscando escapar de uma possível invasão da China continental a Taiwan - continua sendo a barraca da Liberdade. "Já pensou no quanto seria perdido, não fosse a feira, onde as tradições do oriente se mantêm vivas? Temos orgulho de fazer parte disso."Nas poucas horas de folga, Ming Lee se dedica ao tênis, hobby que leva a sério desde 2007, quando se filiou à Federação Paulista. De lá para cá, participou de 15 torneios amadores da entidade, mas ainda não conseguiu se sagrar campeão. Tivesse mais tempo para treinar, talvez as coisas fossem diferentes. E o empresário talvez pudesse escapar de uma ou outra frustração recente - como a de novembro, na final do Campeonato Estadual de Idades (40 a 44 anos), na qual Ming Lee foi derrotado pelo atual papa-títulos da categoria. Um homem que, dizem os corneteiros, segura numa das mãos a raquete, para na outra manter firme a frigideira.

 

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