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Polícia contesta criminoso que assumiu morte de agente

Segundo delegado, rajadas contra aeronave que mataram agente o atingiram por fatalidade

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Por Pedro Dantas
Atualização:

O delegado-titular da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) da Polícia Civil, Rodrigo Oliveira, contestou a confissão do traficante Fábio Brum Camargo, o Carão, de 24 anos, que assumiu o assassinato do policial Eduardo Henrique Mattos, que sobrevoava o Morro do Adeus, no Rio, em um helicóptero durante uma operação policial na sexta-feira. Segundo Oliveira, Carão mentiu "para ganhar os louros por ter matado um policial". O delegado afirmou que as rajadas contra a aeronave partiram do Complexo do Alemão, localizado a um quilômetro de distância do Morro de Adeus, e atingiram Mattos por fatalidade. As declarações causaram constrangimento ao delegado-titular da 21ª Delegacia de Polícia de Bonsucesso, Aldari Vianna, que anunciou a confissão do criminoso à imprensa. Vianna revelou nesta terça-feira, 13, que a confissão foi ouvida pelos próprios agentes da Core, que em seguida apresentaram a denúncia na delegacia. Na versão da polícia, Carão confessou que atirou no policial embarcado em um helicóptero a 400 metros de distância do solo, percebeu que tinha acertado e caiu da laje de um barraco. Ele se internou no Hospital Salgado Filho com traumatismo abdominal e, segundo a polícia, foi denunciado pelos médicos. Transferido numa viatura da Polícia Civil, o acusado apresentava curativos no tórax, abdômen e escondia o rosto ao ser apresentado à imprensa. Integrante da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa, o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL), afirmou que pedirá à Polícia Civil esclarecimentos sobre o caso. Ele ressalta que não há indícios de tortura sobre o acusado, mas estranha o bate-boca entre as autoridades. "Não adianta a polícia querer encontrar o culpado, um bode expiatório. Se ele foi o autor do disparo deve responder diante do que a Lei determina. Caso contrário, deve cumprir pena pelos crimes que cometeu". Carão possui condenação por assaltos a mão armada e passagens na polícia por porte ilegal de arma. Ele é apontado pela polícia como um dos principais comparsas de Tota, líder do tráfico no Complexo do Alemão. O delegado-titular da 21ª Delegacia de Polícia, Aldari Vianna, evitou a polêmica, mas ressaltou que foram os policiais da Core que informaram sobre a confissão de Carão. "A única coisa que fiz foi transferi-lo do Hospital Salgado Filho para o Hospital Penitenciário de Gericinó", justificou. O delegado também aderiu à tese de que o bandido assumiu o crime para "ganhar respeito" dos comparsas.

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