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Presidente da Ucrânia promete "as verdades" sobre Chernobyl

Autoridades prometem descobrir o que aconteceu na época do acidente

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Por Agencia Estado
Atualização:

Enquanto centenas de pessoas depositavam flores e velas por toda a Ucrânia, para homenagear as vítimas do acidente nuclear de Chernobyl, o governo de Kiev prometia apurar e revelar toda a verdade sobre o pior desastre atômico da humanidade. Nesta quarta, durante os eventos que marcaram os 20 anos do desastre no norte da Ucrânia, Kiev ainda publicou um relatório mostrando que as condições de saúde de 2,3 milhões de pessoas foram afetadas por Chernobyl. No dia 26 de abril de 1986, o reator número 4 da usina explodiu. Na época, o governo soviético levou mais de 24 horas para evacuar a região, e outros dois dias para admitir o desastre ao mundo. Além disso, não informou à população sobre como deveriam agir e ainda enviou centenas de soldados, policiais e bombeiros à região para apagar o fogo, sem qualquer proteção. A Ucrânia, hoje um país independente, não tem a quem responsabilizar. O país sequer existia naquela época e o regime de então desapareceu em 1991. O que as autoridades prometem, porém, é descobrir o que de fato ocorreu naqueles dias. O presidente ucraniano, Viktor Yushchenko, foi nesta quarta a Chernobyl e entregou medalhas aos trabalhadores que atuaram para apagar o fogo da usina e construir a estrutura que cobre o material radioativo. "Chernobyl não pode ser um local de luto, precisa se tornar um local de esperança. Depois de 20 anos de dor e medo, essa terra precisa sentir o progresso", disse o presidente, falando para as centenas de pessoas que foram até Chernobyl e prometendo "as verdades" sobre o que ocorreu. "Fizemos o que tinha de ser feito", afirmou o general da reserva Wolk Anatoly Antonovich. Em 1986, ele foi um dos coronéis responsáveis por coordenar a limpeza do reator. "As famílias das vítimas precisam estar orgulhosas do trabalho que foi feito e que salvou a vida de milhares", disse, preferindo não responder às críticas de que o regime soviético escondeu informações. O Ministério da Saúde da Ucrânia anunciou nesta quarta que 2,3 milhões de pessoas, em oito cidades e espalhadas por 2,1 mil vilarejos no país, de alguma forma sofreram ou ainda sofrerão problemas de saúde como conseqüência da explosão. Para a ONU, o número de mortos não passa de 9 mil, enquanto ativistas colocaram as vítimas fatais entre 30 mil e 90 mil. Enquanto espera respostas, a população saiu às ruas e lotou igrejas. Na única capela ainda em funcionamento em Chernobyl, parentes das vítimas e ex-moradores participaram de uma cerimônia. Em uma atmosfera pesada e de emoção, as pessoas se abraçavam e antigos vizinhos se reencontravam. Vigílias foram organizadas nas cidades de Kiev e Slavutych, para onde grande parte dos "refugiados de Chernobyl" foi viver depois do acidente. Chernobyl não foi lembrado apenas na Ucrânia. O papa Bento XVI rezou pelas vítimas na Praça de São Pedro, no Vaticano. Ele ainda pediu que a energia nuclear fosse usada de forma adequada, "a serviço da paz e respeitando as necessidades do homem e da natureza". Ativistas ainda aproveitaram a data para pedir o fim das construções de novas usinas nucleares em todo o mundo. Mohamed ElBaradei, chefe da Agência Internacional de Energia Atômica, também alertou que a data deveria servir para que o mundo adotasse uma mesma estratégia de segurança em relação à energia nuclear, especialmente os países que planejam novos reatores, como a própria Ucrânia.

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