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Republicanos reclamam da moderadora de debate nos EUA

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Por SAMUEL P. JACOBS
Atualização:

Como no futebol ou em outros esportes, muitas das queixas após um debate político são direcionadas não contra os participantes, e sim contra o árbitro. O confronto de terça-feira entre o presidente democrata dos EUA, Barack Obama, e o adversário republicano, Mitt Romney, não foi exceção, e a moderadora Candy Crowley, da CNN, foi acusada de ajudar Obama durante uma de suas mais ásperas discussões com Romney. Naquele instante, Crowley interveio numa polêmica de segurança nacional, contrariando os desejos de ambas as campanhas de que ela permanecesse basicamente como uma espectadora no segundo debate presidencial dos EUA. A discussão começou quando Romney criticou Obama por ter levado 14 dias para qualificar como "terrorismo" o ataque que matou quatro norte-americanos no consulado dos EUA em Benghazi, na Líbia. Obama respondeu citando declarações que deu no dia seguinte ao atentado, 12 de setembro, no jardim da Casa Branca, quando já se referia ao incidente como um ato terrorista. "Pegue a transcrição", desafiou o presidente ao rival. "Ele de fato chamou aquilo de ato de terror", disse Crowley, corroborando a tese de Obama. Falando depois do debate na CNN, Crowley disse que seu comentário foi "uma coisa natural que saiu". Mas partidários de Romney presentes no auditório ficaram indignados. "Candy estava errada, e Candy não tinha nada que fazer isso, e Candy nem manteve o tempo (de fala de cada candidato) corretamente", disse John Sununu, ex-governador de New Hampshire e um dos mais inflamados partidários de Romney. Outros republicanos ecoaram as críticas. "Em diferentes momentos nesta noite, ela de fato entrou no jogo, não ficou na linha lateral", disse Ron Kaufman, assessor de Romney. Antes dos debates, as duas campanhas já haviam manifestado preocupação com o papel ativo que ela teria no debate, no qual eleitores indecisos fizeram perguntas diretamente aos candidatos. Os assessores temiam que ela fosse firme demais, ofuscando os espectadores selecionados para fazerem perguntas. As regras dos debates eleitorais nos EUA são secretas, mas na segunda-feira a revista Time divulgou uma cópia do acordo entre as duas campanhas. O texto --sem a adesão pessoal da jornalista-- previa que a moderadora não deveria fazer perguntas complementares, nem escolher quais perguntas, escritas por eleitores indecisos presentes ao debate, seriam efetivamente formuladas. Depois do primeiro debate deste ano, em 3 de outubro, partidários de Obama haviam acusado o moderador Jim Lehrer, do canal público PBS, de ser passivo demais, deixando-se atropelar pela agressividade de Romney. (Reportagem de Steve Holland)

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