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Direção dos tiros contra Marielle reforça hipótese de ataque premeditado

Vereadora foi assassinada com três tiros na cabeça e um no pescoço; polícia investiga se crime tem ligação com atividade política da vítima

Foto do author Roberta Jansen
Foto do author Marcio Dolzan
Por Roberta Jansen , Marcio Dolzan e Fabio Grellet
Atualização:

RIO - Uma execução premeditada, ligada à atividade política da vereadora carioca Marielle Franco (PSOL), é investigada pela Polícia Civil do Rio como hipótese para explicar o assassinato da parlamentar na noite de quarta-feira. Ela foi morta com três tiros na cabeça e um no pescoço quando ia para casa, de carro, com o motorista Anderson Gomes, de 39 anos, assassinado com três tiros pelas costas. Uma assessora, que estava ao lado da parlamentar, sobreviveu sem ferimentos e prestou depoimento à polícia.

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“Uma das possibilidades, sim, é essa da execução. Mas a gente não descarta ainda outras (possibilidades) até porque o crime aconteceu há 10, 12 horas”, declarou o chefe da Polícia Civil, delegado Rivaldo Barbosa, na manhã de quinta. Ele se reuniu com o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL), os delegados Fábio Cardoso, que está assumindo a Divisão de Homicídios, e Gineton Lages, agora titular da Delegacia de Homicídios da capital.

Apuração:para Polícia, assassinos sabiam exatamente onde vereadora estava sentada, embora vidros tivessem película. Foto: Marcos Arcoverde/Estadão

Antes de ser morta, Marielle participou de uma reunião de mulheres negras na Lapa, no centro do Rio. Deixou o encontro por volta das 21h30, acompanhada de Gomes e da assessora. As duas mulheres se sentaram no banco de trás do carro, e Gomes assumiu o volante. O veículo seguia para a casa de Marielle, na Tijuca, na zona norte.

Na altura da Praça da Bandeira, na Rua Joaquim Palhares, um Chevrolet Cobalt prata emparelhou à direita do veículo em que Marielle seguia. Um dos ocupantes disparou nove vezes contra a parlamentar, atingindo o vidro e parte da porta traseira direita do automóvel em que estava Marielle.

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O carro onde estava a vereadora andou mais alguns metros, e os assassinos fugiram. Marielle e Gomes morreram imediatamente Os tiros alvejaram a parlamentar e o motorista. A assessora foi atingida apenas por estilhaços e prestou depoimento ainda de madrugada, durante cinco horas, na Delegacia de Homicídios, na Barra da Tijuca, na zona oeste.

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Outra testemunha, alguém que passava pelo local na hora do ataque, também teria prestado depoimento. A arma usada no crime foi uma pistola 9 milímetros, segundo a perícia, que recolheu cartuchos no local do crime. A polícia acredita que o carro foi seguido pelo veículo onde estava o assassino desde que ela saiu da reunião na Lapa.

O motivo é que, embora os vidros do automóvel de Marielle estivessem cobertos por película escura, os atacantes pareciam saber exatamente onde ela estava sentada - a vereadora não costumava ir atrás. Foi na direção daquele ponto que os disparos foram feitos. A exatidão dos tiros também chamou a atenção dos investigadores.

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Ajuda federal. A Polícia Federal vai auxiliar a investigação sobre o ataque, mas a chefia da apuração ficará a cargo da Polícia Civil fluminense. A possibilidade de federalizar a investigação havia sido cogitada mais cedo pela procuradora-geral da República, Raquel Dodge.

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Investigações são federalizadas quando há delito contra os direitos humanos e incapacidade do Estado para apurar o episódio. Com a federalização, o crime é apurado pela PF e eventual denúncia passa a ser analisada pela Justiça Federal.

“Este é um caso que precisa do apoio de todas as forças investigatórias”, disse Raquel. “Certamente a colaboração da PF é importante, porque o crime no Rio de Janeiro tem acontecido em diversas áreas, e muitas delas são relativas a crimes federais. É preciso fazer a troca adequada de informações.”

De manhã, Rivaldo não demonstrou entusiasmo sobre a ajuda da PF. “Temos nossos protocolos estabelecidos. Quem quiser nos ajudar, receberemos a ajuda, de qualquer instituição. Entretanto, quero dizer que a Polícia Civil do Rio tem capacidade para resolver esse caso.” / COLABOROU DANIELA AMORIM

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