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Sarkozy diz não descartar boicote à abertura de Olimpíada

Presidente da França estuda condicionar presença a diálogo da China sobre Tibete.

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Por Daniela Fernandes

O presidente da França, Nicolas Sarkozy, disse nesta terça-feira que não descarta a possibilidade de boicotar a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Pequim em razão dos conflitos no Tibete. Sarkozy disse que poderá condicionar sua participação na cerimônia em Pequim à resposta das autoridades chinesas ao seu pedido para a retomada do diálogo com representantes tibetanos. "Desejo que o diálogo comece e graduarei minha resposta em função da resposta que será dada pelas autoridades chinesas", afirmou Sarkozy durante uma visita à cidade de Tarnes, no sudoeste da França. "Todas as opções estão abertas em relação ao boicote à cerimônia", afirmou Sarkozy, que assistiria ao evento como presidente da União Européia, já que a França assume o comando do bloco em julho próximo. Pressão O presidente francês estava sendo pressionado a adotar uma posição mais dura em relação à repressão chinesa no Tibete. Sarkozy endureceu o tom após ter sido criticado por políticos, inclusive de seu partido, além de organizações de defesa dos direitos humanos e pela opinião pública francesa por seu silêncio em relação ao conflito. O presidente francês se pronunciou pela primeira vez sobre a crise somente na segunda-feira, em um comunicado em que pediu "moderação" às autoridades chinesas. Na mensagem enviada ao presidente chinês, Hu Jintao, Sarkozy pede o fim da violência e a retomada do diálogo. Mas as declarações divulgadas na segunda-feira foram consideradas tardias e simplesmente diplomáticas. O presidente francês também lançou nesta terça-feira um apelo ao "senso de responsabilidade dos dirigentes chineses". 'Preocupação' O conflito dos últimos dias já teria causado a morte de 140 pessoas, segundo autoridades tibetanas no exílio. Sarkozy assegurou ter informado o governo chinês sobre sua "intensa preocupação" em relação à situação no Tibete. A classe política francesa vem pedindo o boicote das cerimônias dos Jogos Olímpicos de Pequim, mas o ministro das Relações Exteriores da França, Bernard Kouchner, fundador da ONG Médicos Sem Fronteiras, disse nesta terça-feira ter dúvidas em relação à eficácia do boicote. "Nem mesmo o Dalai Lama está pedindo o boicote dos Jogos Olímpicos", disse o ministro. "É preciso encontrar uma maneira que permitirá aos chineses falarem com os tibetanos." Kouchner, que foi o primeiro membro do governo francês a utilizar a palavra "repressão" em relação ao conflito, declarou que ela "é intolerável". Na semana passada, ele já havia declarado que a França não é favorável ao boicote dos Jogos Olímpicos de Pequim. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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