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Síria acusa EUA e França de armar e financiar o 'terrorismo'

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Por MICHELLE NICHOLS E LOUIS CHARBONNEAU

O ministro de Relações Exteriores da Síria acusou nesta segunda-feira Estados Unidos, França, Catar, Arábia Saudita e Turquia de apoiar o "terrorismo" por fornecer armas, dinheiro e combatentes estrangeiros aos rebeldes que buscam derrubar o presidente Bashar al-Assad, enquanto o chefe da ONU condenou os assassinatos e abusos de direitos por parte do governo de Assad. O chanceler Walid al-Moualem, falando no último dia da Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), também acusou a Líbia de apoiar os rebeldes e disse que um braço da rede Al Qaeda havia assumido a responsabilidade por alguns ataques a bomba na Síria. Moualem afirmou que os pedidos estrangeiros pela renúncia de Assad em meio ao conflito de 18 meses no país são uma "interferência flagrante nos assuntos internos da Síria e na unidade de seu povo e sua soberania". Seu discurso ocorreu três dias depois de uma reunião nos bastidores da Assembleia-Geral entre países que defendem a queda de Assad. Eles anunciaram mais ajuda aos opositores, mas não havia nenhum sinal de uma ajuda militar direta. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, se reuniu com Moualem nesta segunda-feira e levantou as questões "dos assassinatos, destruição em massa, abusos de direitos humanos e ataques aéreos e de artilharia cometidos pelo governo", disse um porta-voz de Ban em comunicado. "Ele ressaltou que era o povo sírio que estava sendo morto todos os dias e apelou para o governo da Síria para mostrar compaixão a seu próprio povo", declarou o porta-voz. Em uma reunião de alto escalão da Organização para a Proibição de Armas Químicas nesta segunda-feira, Ban destacou a Síria como um dos oito Estados a não assinar a Convenção de Armas Químicas. "Eu expressei graves preocupações com declarações feitas por representantes do governo sírio sobre a existência de armas químicas e sua possível utilização", disse Ban. "Eu também pessoalmente transmiti estas preocupações diretamente ao presidente Assad por escrito." "O uso de tais armas seria um crime ultrajante com consequências terríveis", acrescentou ele. INTERFERÊNCIA DOMÉSTICA Ban também comentou com Moualem sobre a crescente crise humanitária dentro da Síria, que afeta países vizinhos, segundo o porta-voz. A Organização das Nações Unidas disse que cerca de 294 mil refugiados da Síria fugiram para Jordânia, Iraque, Líbano e Turquia. Mais de 30.000 pessoas foram mortas, de acordo com ativistas da oposição, e há temores de que uma guerra civil possa desestabilizar o Oriente Médio. Moualem afirmou que Catar, Arábia Saudita, Turquia, Estados Unidos e França "claramente induzem e apoiam o terrorismo na Síria com dinheiro, armas e combatentes estrangeiros". Catar, Arábia Saudita e Turquia negaram ajudar os rebeldes. Estados Unidos e França disseram que estão fornecendo apoio "não letal". "Sob o pretexto da intervenção humanitária, esses países interferem nos assuntos internos dos Estados e impõem sanções econômicas unilaterais que não possuem base moral e legal", disse Moualem.

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