Prólogo: Um diretor solar
Wes Anderson já tem um lugar na história do cinema. E com o novo filme Asteroid City, parece querer consolidar o estilo e carreira. Já lançado no exterior, o longa entra em cartaz neste 10 de agosto. Ao mesmo tempo, procura ter apelo e fôlego para conquistar novas gerações.
Na tela, a garantia de inspirar com um ambiente mais solar que nunca. E narrativa cativante e divertida. De tal maneira que inspirou este texto a ser escrito na mesma estrutura de muitas obras dele: como um livro transposto para a película, quase sempre com um narrador.
Capítulo 1: Estética única e replicável
Em Asteroid City, Anderson parece querer mais que nunca reafirmar o estilo que veio aprimorando ao longo dos quase 30 anos que faz cinema. Desta vez, de maneira quase literal.
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Com roteiro próprio, como de costume, ele monta a cena - e o filme - nos moldes de uma peça de teatro. Apresentando de antemão os cenários, as locações e as personagens - inclusive com belíssimos créditos iniciais.
A partir daí a história de época se desenrola. Um pai de família que acaba de perder a esposa. Quatro filhos, o mais velho um adolescente gênio a ser premiado cientificamente no município fictício de Asteroid City.
À beira da cratera onde caiu o asteroide milhares de anos antes, outras famílias e outros gênios precoces se encontram para o evento. Que termina por ser interrompido com a chegada inesperada de um alienígena malandro, para mudar os rumos da humanidade.
O diretor se desafia a superar a própria técnica. Abusa, para o bem, dos característicos enquadramentos que mudam completamente ao aplicar um simples zoom. Ou ao mover a câmera em panning de um lado para o outro.
Predominantemente gravado sob a luz do dia, no deserto fictício de Asteroid City, os tons pastel de Anderson deixam o filme mais colorido que nunca. É óbvio, mas é uma obra para ser vista.
Vista, apreciada, contemplada, admirada. E talvez copiada? Os jovens, principalmente, têm feito isso à exaustão no TikTok. Desde o começo do ano, uma trend na rede social provoca os usuários a fazerem os próprios vídeos replicando o estilo único do diretor - que se recusa a ver os vídeos.
Os resultados são os mais diversos. Mas, geralmente, muito competentes em reproduzir a estética característica de Anderson na paleta de cores, no posicionamento e deslocamento da câmera.
Isso levantou uma discussão nas redes sociais sobre a facilidade de “ser” Wes Anderson. Se adolescentes do TikTok podem recriar a obra do diretor, como um simples modelo a operar, seria ele assim tão único?
Outra corrente, porém, prefere um ponto de vista diferente. A de que o cineasta é brilhante ao grau de explorar tão a fundo a própria maneira de filmar que desenvolveu um visual particularmente inconfundível. De modo que cada réplica seja uma homenagem.
Capítulo 2: Extrapolar públicos
A mescla de aperfeiçoamento técnico e narrativa têm tudo para agradar aos fãs do diretor. E ainda agrega potencial de transpor o público já cativo de Anderson.
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Lançado após a tendência viral do TikTok, esse é o momento perfeito para a geração Z de fato conhecer o diretor. E Asteroid City é um ótimo filme introdutório à obra dele.
Isso porque ela não apenas reúne o rigor estético de Anderson, mas também cumpre o papel de ser a fábula que ele gosta de contar. Estão ali todos os elementos de realismo fantástico e ficção científica em que o criador se esbalda.
A policromia delicada e a amarração em torno de praticamente um único local até lembram a ambiência do mais novo fenômeno de Hollywood. A alegria visual projetada em Barbie pode também ser vista em Asteroid City. Assim como o humor leve e cirúrgico.
Mas nada disso substitui o principal. As aventuras e relacionamentos estabelecidos entre as personagens - que neste filme trazem auras blasé como poucas vezes antes vistas.
Isso tudo encadernado como um roteiro de teatro. Quase literalmente, assim como em Os Excêntricos Tenenbaums em que o realizador exibe a página com o título do ato e as rubricas de cena.
E se houver quem não entenda claramente os propósitos dos filmes de Anderson, ou espere deles desfechos mais conclusivos, o diretor dá um recado aos espectadores na voz de uma das personagens: O importante é contar a história.
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Capítulo 3: Superastros e estrelinhas
Para contar essa história, o cineasta não poupou no elenco. E misturou estrelas de diferentes eras. Quase desconhecidos, ou espetacularmente famosos. Iniciantes e oscarizados.
No time principal, os protagonistas ficam com Jason Schwartzman - como o pai Augie Steenbeck - e Scarlett Johansson - na pele da apática atriz Midge Campbell.
Tem também Tom Hanks e Tilda Swinton, em posições de destaque. Além de Tony Revolori, Adrien Brody e Willem Dafoe, que já trabalharam com Anderson. Até o brasileiro Seu Jorge faz uma pontinha.
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Há participações especiais de Jeff Goldblum e da própria Barbie, Margot Robbie - obviamente em papel totalmente diferente. E no elenco mais jovem, o holofote vai para a filha de Uma Thurman, Maya Hawke.
A jovem atriz interpreta uma das personagens mais queridas de Stranger Things, Robin Buckley. Interface muito oportuna para atrair a geração Z.
Conclusão: Saber editar o melhor de si
Asteroid City coleta todos os melhores elementos da filmografia de Wes Anderson e os compila em uma história agradável, atraente e surpreendentemente bonita. Obra essencial para quem gosta do cineasta e excelente ponto de partida para quem quer conhecê-lo.
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