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‘Mansão Mal-Assombrada’ tenta, sem sucesso, repetir êxito de ‘Piratas do Caribe’; leia crítica

Longa-metragem, que mistura elementos de humor, aventura e terror, é nova adaptação da clássica atração dos parques da Disney

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De vez em quando é difícil não pensar que há uma espécie de maldição à solta naqueles filmes que tentam reciclar sucessos de Eddie Murphy. Não só Dolittle é um dos maiores fracassos da carreira de Robert Downey Jr., como as tentativas de Murphy em retornar aos grandes sucessos também não foram muito bem, como Um Príncipe em Nova York 2. Agora, a maldição continua com Mansão Mal-Assombrada, estreia desta quinta-feira, 27.

O longa-metragem é um remake do filme estrelado por Murphy nos anos 2000, como também é uma nova tentativa de emplacar um novo sucesso nos cinemas inspirado em uma atração dos parques da Disney. Afinal, assim como Piratas do Caribe, Dinossauro, Beary e os Ursos Caipiras e Tomorrowland, Mansão Mal-Assombrada tem sua história totalmente inspirada na atração do parque, uma das mais disputadas no Magic Kingdom.

Diferenças para a versão com Eddie Murphy

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Nesta nova aposta da Disney, dirigida por Justin Simien (Cara Gente Branca), o tom da história muda bastante. Sai a comédia histriônica de Murphy, que fez sucesso principalmente entre as crianças no longa de 2003, e entra uma sopa de gêneros com cara de superprodução. Há traços de comédia, terror, aventura e até thriller – tudo isso engrandecido com um orçamento consideravelmente alto de mais de US$ 150 milhões.

A história continua com o mesmo pano de fundo: uma mansão mal-assombrada habitada por 999 fantasmas que esperam enquanto um deles, Gracey, tenta recuperar o amor de sua vida. No entanto, os personagens são totalmente diferentes. O protagonista é Ben (LaKeith Stanfield), um homem que se diz especialista em paranormalidade que é chamado para ajudar a família que acabou de se mudar pra mansão e, quem sabe, afastar os fantasmas.

Ainda tem um elenco de apoio de peso: Jamie Lee Curtis como Madame Leota, a vidente presa na bola de cristal; Jared Leto como o fantasma mais perigoso dentro da casa; Owen Wilson como Kent, um estranho padre que convoca Ben; e Danny DeVito como Bruce, um professor universitário que estuda as mansões mal-assombradas de New Orleans.

A partir da esquerda, Owen Wilson, Danny DeVito, Rosario Dawson e Tiffany Haddish em cena de 'Mansão Mal-Assombrada' 

Problemas de ritmo, de tom, de tudo

Quem olha de longe pode até achar que o filme ficou mais interessante, rendendo uma boa aventura comercial como Piratas do Caribe – talvez o live-action da Disney, deste milênio, com mais arrojo visual e narrativo. No entanto, fica longe disso por uma série de problemas que vão complicando o filme. Para começar, Simien não tem a mínima ideia de como contar uma história infantil: exagera no horror e a comédia, que funciona no de 2003, some aqui.

Muito disso acontece por uma atuação exageradamente apática do improvável protagonista do filme, LaKeith Stanfield (Desculpe te Incomodar, Entre Facas e Segredos). Ainda que o roteiro invista em piadas para o personagem, como a relação dele com o fantasma de um marinheiro que o persegue, o ator não consegue acompanhar: ele está apático em cena e parece que tem vergonha de fazer humor. É aquilo: atores de comédia conseguem emocionar, mas não são todos os atores de drama que realmente conseguem fazer rir.

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Há um descompasso bastante evidente, que causa até um certo desconforto. Ele é salvo em vários momentos pelo bom humor do trio de apoio (DeVito, Wilson e Tiffany Haddish, como uma vidente canastrona), mas parece que a graça nunca chega lá de verdade.

Além disso, há o terror: Simien, que recentemente dirigiu o curioso Bad Hair, sabe como lidar com elementos do horror. Mas aqui fica a dúvida: será que não é demais para as crianças, o principal público desta história? Difícil escapar da sensação de que os pequenos vão se assustar demais enquanto os pais vão achar a história insuportável – afinal, não há nenhum tipo de escape aqui para o público mais velho, já que tudo é bobinho e previsível.

Cena de 'Mansão Mal-Assombrada' mostra Lindsay Lamb como A Noiva  

Disney conseguirá concorrer com Barbie e Oppenheimer?

Este novo Mansão Mal-Assombrada, no final das contas, não poderia ser mais insosso. Não acerta no horror, na comédia, nem na aventura. Arrisca aprofundar alguns personagens, mas nunca passa de um arranhão na superfície (alguém se emocionou com a história do Ben?). E o filme de 2003, mesmo não sendo bom, pelo menos consegue fazer rir com alguns exageros de Eddie Murphy, com suas caras, bocas e aquele humor exageradíssimo.

Fica a impressão, enfim, que a Disney vai encontrar mais um fracasso no seu caminho em 2023. Afinal, será que um filme desse, tão sem personalidade, tem força para brigar com Barbie e Oppenheimer, que estão fazendo sucesso no mundo todo? É quase impossível.

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