Os homens que roubavam livros: gangue que deu prejuízo milionário é presa na Europa

De acordo com a Europol, grupo georgiano seria responsável pelo roubo de pelo menos 170 livros raros, causando danos financeiros de cerca de 2,5 milhões de euros

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Por Gabriela Caputo

Foram presos nove georgianos suspeitos de roubar livros raros de bibliotecas nacionais e históricas em diferentes países da Europa, em 2022 e 2023. De acordo com a Europol, a agência policial da União Europeia, o grupo seria responsável pelo roubo de pelo menos 170 livros, causando prejuízos financeiros de cerca de 2,5 milhões de euros e “uma perda patrimonial imensurável para a sociedade”.

São obras antigas, altamente valiosas, como um manuscrito original de Alexander Pushkin, primeiras edições de trabalhos de Nikolai Gogol, e outros títulos da literatura russa do século 19. A gangue desenvolveu uma operação sofisticada, substituindo os livros por cópias falsificadas. Por vezes, os suspeitos fingiam ser acadêmicos para conseguir acesso aos livros. A partir disso, tiravam todas as medidas e fotos necessárias para fabricar uma cópia de “excelente qualidade”, retornando dias, semanas ou meses depois para fazer a troca.

Há casos de roubos menos refinados, com invasão das bibliotecas para saquear obras de interesse. Em outubro do ano passado, por exemplo, o Instituto Nacional de Línguas e Civilizações Orientais (Inalco), em Paris, foi invadido por dois homens que levaram embora uma dúzia de manuscritos, escapando de carro.

Institut National des Langues et Civilisations Orientales (Inalco): o Instituto Nacional de Línguas e Civilizações Orientais, em Paris, França, foi uma das vítimas da gangue. Foto: Divulgação

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A Europol coordenou uma operação internacional envolvendo mais de 100 policias, que revistaram 27 imóveis em diferentes países. Os esforços começaram depois que autoridades francesas notificaram sumiços em suas bibliotecas, levando outros países a registrarem o mesmo tipo de crime: na Universidade de Varsóvia, por exemplo, foram 79 obras.

Quatro suspeitos foram detidos na Geórgia na quarta-feira, 24, e outros três foram presos anteriormente na França, na Estônia e na Lituânia. Mais dois georgianos, detidos no aeroporto de Bruxelas em novembro de 2023, estão sob supervisão judicial na França.

Biblioteca da Universidade de Varsóvia, na Polônia, identificou 79 livros como desaparecidos. Foto: Mirek Kazmierczak

As buscas também aconteceram na Polônia e na Suíça, e há ainda denúncias de roubos em países como Alemanha, República Checa, Finlândia e Letônia. Já foram apreendidos mais de 150 livros, cuja procedência está em avaliação. Alguns dos itens são irrecuperáveis, pois já foram vendidos em leilões em São Petersburgo e Moscou.

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