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Alunos de Harvard que estudam Taylor Swift na faculdade têm algo a dizer sobre o novo disco; entenda

Em 2024, a universidade americana inaugurou um curso sobre a obra e vida da cantora. No lançamento de ‘The Tortured Poets Department’, eles se reuniram para escutar e analisar as músicas. Agora, eles contam o que acharam

Por Madison Malone Kircher (The New York Times)

NYT - Os fãs de Taylor Swift geralmente estudam para um novo álbum, revisitando os trabalhos mais antigos da cantora para se prepararem para analisar as letras e os títulos das canções em busca de mensagens e significados secretos.

O The Tortured Poets Department está recebendo o mesmo tratamento, e talvez nenhum grupo de ouvintes tenha se preparado melhor do que os alunos da Universidade de Harvard que atualmente estudam os trabalhos de Swift em uma aula de inglês dedicada inteiramente à artista. O curso “Taylor Swift and Her World” (”Taylor Swift e Seu Mundo”, em tradução literal), é ministrado por Stephanie Burt, que faz com que seus alunos comparem as músicas de Swift com obras de poetas e escritores como Willa Cather, Samuel Taylor Coleridge e William Wordsworth.

Taylor Swift durante apresentação no Allianz Parque, em São Paulo, em novembro de 2023. Foto: Taba Benedicto/Estadão

Na noite de quinta-feira, 18, cerca de 50 alunos da turma se reuniram em uma sala de aula no campus para ouvir o novo álbum de Swift. Mary Pankowski, 22 anos, estudante do último ano de História da Arte e Arquitetura, usava um moletom creme que comprou na turnê The Eras de Swift no ano passado. O grupo fez pulseiras da amizade com miçangas para comemorar o novo álbum, contou ela.

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Quando o relógio bateu meia-noite, a sala de aula explodiu em aplausos e a análise começou. Primeiro, o grupo ouviu o álbum uma vez sem discutir, apenas absorvendo tudo.

Alguns versos, no entanto, causaram um alvoroço imediato, disse Samantha Wilhoit, estudante do terceiro ano de Administração - incluindo uma referência ao cantor Charlie Puth e a letra mordaz da música The Smallest Man Who Ever Lived, disse Wilhoit, 21 anos.

Um verso da música I Can Do It With a Broken Heart”, em que Swift canta “I cry a lot but I am so productive” (”Eu choro muito, mas sou tão produtiva”), também pareceu repercutir, disse Wilhoit, rindo.

Um grupo menor de alunos, incluindo Pankowski, ficou até as primeiras horas da madrugada para ver se Swift lançaria mais músicas. Às 2h da manhã, eles foram recompensados com um “volume” adicional de 15 faixas chamado The Anthology. Pankowski disse que só foi dormir horas depois.

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De Cather a Plath

Conversando com o The New York Times em uma videochamada na manhã de sexta-feira, vários alunos da turma discutiram suas opiniões sobre as 31 novas músicas e fizeram um levantamento de ideias para seus trabalhos finais, que devem ser entregues no final do mês.

“A música Clara Bow me fez lembrar de The Song of the Lark”, disse Makenna Walko, 19 anos, citando o romance de Willa Cather que acompanha a carreira de uma cantora de ópera aspirante, Thea Kronborg. “Ela fala sobre uma garota que tenta sair de sua pequena cidade para chegar a Manhattan, e como é ter esses grandes sonhos musicais e tentar persegui-los”, continuou. “Essa é uma narrativa que apareceu muito na vida da própria Taylor, ao longo de sua carreira. De muitas maneiras, é a história da Taylor também.”

Lola DeAscentiis, aluna do segundo ano, concentrou-se na música But Daddy I Love Him, comparando-a com o poema Daddy, de Sylvia Plath. Ela planeja explorar a ligação em seu trabalho final.

“Hesito em dizer que a música se aproxima da genialidade de Sylvia Plath - sem ofensas a Taylor Swift - mas definitivamente vejo algumas semelhanças nos temas, como tristeza, depressão e saúde mental”, disse DeAscentiis, 20 anos. (DeAscentiis também fez uma distinção entre ser fã de Swift e ser uma Swiftie devota. Ela disse que se identificava como a primeira).

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“A maneira como Taylor mescla seu relacionamento com o parceiro de quem ela fala na música com o relacionamento que ela tem com o próprio pai - acho que isso foi muito Plath”, acrescentou.

Outra aluna, Ana Paulina Serrano, concordou com DeAscentiis, observando que a turma havia aprendido sobre o gênero de poesia confessional. “Taylor é considerada uma poeta confessional?” Serrano, uma jovem de 21 anos que está se formando em Neurociência, perguntou ao grupo durante a ligação. Para defender sua tese, ela ofereceu como prova a música Mastermind de Swift, uma faixa de Midnights, na qual Swift revela ter calculado e planejado o resultado de um relacionamento.

“Às vezes, ela está confessando coisas que já sabíamos ou supúnhamos, mas muitas vezes ela parece sentir essa necessidade de nos dizer explicitamente”, acrescentou Serrano.

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Isabel Levin, uma estudante do último ano do curso de Biologia Integrativa, de 23 anos, disse que achava que a voz de Swift em várias faixas tinha uma característica de palavra falada. Ela se perguntou se algumas letras teriam começado não como canções, mas como poemas mais tradicionais.

Swift já disse que categoriza suas músicas pelo tipo de caneta que imagina usar para escrevê-las. Uma música “frívola, despreocupada e saltitante” é uma música com caneta gel brilhante, enquanto uma música com caneta-tinteiro pode ser mais “brutalmente honesta”, de acordo com Swift. As músicas feitas com caneta de pena são “todas antiquadas, como se você fosse um poeta do século 19 elaborando seu próximo soneto à luz de velas”, explicou ela durante seu discurso de aceitação pelo prêmio de compositora-artista da década no Nashville Songwriter Awards em 2022.

E com que instrumento Swift poderia ter escrito Tortured Poets?

Com certeza, com uma caneta de pena, disse Walko.

Este conteúdo foi traduzido com o auxílio de ferramentas de Inteligência Artificial e revisado por nossa equipe editorial. Saiba mais em nossa Política de IA.

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