PUBLICIDADE

Publicidade

5G: Câmara aprova projeto que libera mais antenas em São Paulo e amplia acesso nas periferias

Acordo feito com empresas do setor prevê instalação de 286 antenas em áreas definidas como prioritárias pelo município mediante desconto na taxa de licenciamento

Foto do author Adriana Ferraz

Após seis meses de negociação, a Câmara Municipal de São Paulo aprovou na noite de terça-feira, 14, a Lei das Antenas, que permitirá a oferta da tecnologia 5G na cidade e uma cobertura ampliada do sinal de internet na periferia. O texto recebeu o apoio de parte da oposição e só passou em segunda votação com o apoio de 47 dos 55 parlamentares porque as empresas de telecomunicações aceitaram firmar um acordo no qual se comprometem a instalar 286 antenas em regiões consideradas prioritárias pelo município. 

PUBLICIDADE

A ideia original era assegurar o compromisso em lei, mas impedimentos legais fizeram os vereadores recuarem. “Nós temos limites constitucionais, não podemos obrigar. Obrigação é inconstitucional”, afirmou o presidente da Casa, vereador Milton Leite (DEM) na sessão desta quarta. Associações do setor ameaçavam judicializar a questão se o plano fosse adiante. Diante disso, Leite disse que a solução foi estabelecer um cronograma a ser cumprido pelas empresas para que a lei seja regulamentada.”

O acordo foi assinado por representantes das principais empresas de telecomunicações, como Vivo, Claro e TIM, em reunião que contou com a presença de vereadores e do prefeito Ricardo Nunes (MDB). Segundo o plano aprovado, novas torres serão instaladas nos extremos da cidade, como Jaraguá, na zona norte; Cidade Tiradentes, na zona leste; e Grajaú, na zona sul. A lista contempla também unidades de saúde e escolas que hoje têm dificuldades para acessar a internet e usar o celular.

Leilão do 5G movimentou R$ 47,2 bilhões;prazo para as empresas oferecerem o sinal nas 27 capitais é 31 de julho de 2022, mas elas podem se antecipar. Foto: Dida Sampaio/Estadão - 5/11/2021

A bancada do PT votou a favor do projeto, mas cobrou publicamente a execução do acordo. O vereador Antonio Donato explicou que o partido resolveu dar um voto de confiança depois que Leite e o líder do governo, vereador Fabio Riva (PSDB), asseguraram que não será assinado o decreto regulamentador da lei antes de a adesão das empresas ao plano de acesso para a periferia ser oficializado. “Com esse compromisso, a gente resolveu votar a favor.”

Mais uma vez, o PSOL não seguiu o PT e votou de forma contrária ao projeto. Os seis vereadores da bancada consideraram que as 286 antenas previstas no projeto não irão suprir a necessidade da população. Luana Alves ressaltou ainda que, ao nãogarantir a obrigatoriedade de instalação das antenas consideradas prioritárias já no texto, a lei traz insegurança. 

Desconto

Como forma de incentivo ao cumprimento do cronograma, a Prefeitura, por sua vez, assumiu o compromisso de reduzir o valor do licenciamento nesses locais em 50% e agilizar o processo, tendo em vista a necessidade de mais antenas para o 5G após a conclusão do processo de concessão feito pelo governo federal. 

Publicidade

Com a conclusão do leilão, no início de novembro, as empresas de telecomunicações correm para disputarem o título da primeira a oferecer a nova tecnologia. Pelo edital, o prazo para ofertar o sinal nas 27 capitais é 31 de julho de 2022, mas elas podem se antecipar a essa data.

Para se concretizar, o cálculo é que a tecnologia exija de cinco a dez vezes mais aparelhos que o 4G, além de outro tipo de infraestrutura, como equipamentos acoplados em pontes, viadutos, postes de iluminação e em ruas com menos de 10 metros de largura - regra que caiu com a nova lei, assim como a instalação em imóveis que não estejam regularizados na Prefeitura.

No processo de negociação, o texto acatou alguns pedidos das operadoras, como o estabelecimento de um prazo para a concessão das licenças e a adoção do chamado “silêncio positivo”, que libera a instalação das torres passados 60 dias do protocolo. Se houver silêncio do poder público ao fim desse período, a tele fica automaticamente autorizada a ligar a estação. 

CONTiNUA APÓS PUBLICIDADE

A nova regra deve ajudar a reduzir a fila por licenças na capital. Os números ilustram o problema: a cidade tem cerca de 7,5 mil antenas em operação hoje e outras 1,4 mil com pedidos de instalação pendentes. A espera coloca o município em 98.º lugar no ranking de cidades "amigas da internet", o penúltimo entre 100 municípios numa lista organizada por entidades de telecomunicações. 

Outra concessão feita para firmar o acordo foi reduzir em dez vezes o valor das multas aplicadas sobre as empresas com antenas fora dos conformes e que não atenderem às ordens de adequação. A multa passou de R$ 100 mil na legislação atual para R$ 10 mil. Uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) conduzida pela Câmara em 2019 apontou ao menos R$ 43 milhões em multas aplicadas às operadoras sem que fossem pagas. Na maioria dos casos, o valor se refere a antenas instaladas sem licença e em locais não prioritários.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.