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BTG Pactual reforça estratégia digital com a compra da corretora Necton

Depois de arrecadar R$ 2,65 bilhões com oferta de ações, banco faz terceiro movimento de aquisição ao pagar R$ 348 milhões pela Necton; expectativa do setor é que ‘onda’ de compras deve continuar

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Por Fernanda Guimarães
Atualização:

Capitalizado e ponto para atuar de forma agressiva para dar musculatura à sua plataforma digital, o BTG Pactual comprou a Necton Corretora, que nasceu da união entre Concórdia e Spinelli, duas corretoras da antiga geração que se uniram na tentativa de fazer frente a um mercado cada vez mais competitivo. O BTG desembolsou R$ 348 milhões na aquisição.

Trata-se do terceiro movimento do tipo desde que o banco colocou R$ 2,65 bilhões no caixa, com uma oferta de ações que foi estruturada para dar munição para o crescimento da plataforma digital. Outras potenciais aquisições estão sendo analisadas pelo banco, segundo apurou o Estadão/Broadcast.

No ano passado, o BTG comprou a corretora Necton, por R$ 348 milhões. Foto: Werther Santana/Estadão

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Antes da compra anunciada ontem, o BTG Pactual atraiu um dos maiores escritórios de agentes autônomos da sua arquirrival XP Investimentos, a EQI, com um acordo que incluiu a previsão de que o escritório possa se transformar futuramente em uma corretora. 

A mesma estratégia foi utilizada para atrair a Lifetime, outro escritório agentes independentes que estava sob o guarda-chuva da XP,  a maior plataforma de investimentos do País. 

A EQI, que chegou a administrar quando plugada na XP cerca de R$ 9,5 bilhões, já estaria hoje, dois meses após a migração para o BTG, com um portfólio R$ 2,5 bilhões maior, de acordo com uma fonte. A EQI já fez pedido no Banco Central para se tonar corretora. 

O movimento para reforçar a plataforma digital com aquisições para acelerar o crescimento começou ano passado, com a compra de 80% da Ourinvest, negócio que foi concluído em 2020.

O BTG informou que sua intenção é manter tanto a marca quanto a operação da Necton Corretora independentes, segundo a tendência de mercado de manter várias “grifes” dentro do mesmo grupo. A operação precisa passar por aprovação dos órgãos reguladores, incluindo o BC.

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Por trás da corrida para a disputa no mundo de investimentos digitais está o cenário de juros baixos no Brasil, na mínima de 2%. Com os juros reais (com o desconto da inflação) perto de zero, investidores têm procurado outras opções no mercado. 

Para o BTG Pactual, depois de investimentos em sua plataforma digital que somam mais de R$ 800 milhões desde 2014, atrair mais agentes ajudará no ganho de escala do negócio e na redução de custos fixos. A meta é encerrar o ano com mil profissionais plugados à plataforma. Hoje, seriam cerca de 800.

O movimento precisa ser rápido, já que a competição tem levado a um aumento de procura por ativos para compra, deixando bem aquecida a atividade de fusões e aquisições no mercado de plataformas e corretoras.

Cartões

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Para ampliar o leque de produtos, atrair novos clientes e manter os atuais, o BTG anunciou, no mês passado, a chegada dos serviços bancários em sua plataforma, como cartões e a possibilidade de pagamentos de boletos, reforçando a unidade de varejo digital da instituição financeira e marcando sua entrada nos serviços bancários. A XP fez anúncio semelhante neste ano.

Apenas em 2020, fora a aquisição do Nubank, o banco Credit Suisse comprou uma participação no banco Modalmais. O Santander avançou com uma fatia da Toro Investimentos. A fintech Neon comprou a Magliano. Há poucos anos, o Itaú Unibanco comprou 49% da XP – fatia que foi reduzida a 46% depois da abertura de capital da plataforma fundada por Guilherme Benchimol. Depois de tanta movimentação, os ativos estão mais escassos. Um dos que ainda estão na mesa é a Guide, do grupo chinês Fosun.

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