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Opinião|SXSW: Cannabis é inovação, tecnologia e cultura

Atualização:

Por Ana Júlia Kiss

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O ano é 2023 e recebi a notícia sobre o falecimento de Raphael Mechoulam, o descobridor do sistema endocanabinoide. Além disso, na mesma semana, fiquei sabendo que o banco do Vale do Silício está em colapso. Ambos são acontecimentos poderosos para suas áreas de interesse, contudo, bem diferentes entre si, não é mesmo?

Não. Na minha opinião, eles possuem algo em comum. A cannabis.

Desde a década de 90, Raphael Mechoulam defende que os canabinóides como o THC e o canabidiol podem curar muitas doenças. Uma descoberta revolucionária para o bem-estar humano. Logo, é de imaginar, que muitos interessados em realizar investimentos na área surgiram, certo?

Não. O setor financeiro ainda não sabe lidar com essa oportunidade. E isso ficou muito claro nos tracks sobre cannabis que assisti no SXSW. Como CEO da Humora, uma empresa americana de produtos à base de cannabis medicinal, fui convidada pelo Estadão para passar minhas opiniões sobre tudo que ouvi sobre o assunto no evento, que aconteceu em Austin, no Texas.

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Era de se esperar que, por ser uma liderança global economicamente, os Estados Unidos iriam sair a frente, certo? Tornando-se o líder e principal interessado em desenvolver políticas regulatórias para a cannabis. E vamos além, o país podia até ser referência em todo o mundo por isso. É de se esperar, e ainda estamos esperando, pois essa é uma realidade que ainda não reflete as condições atuais.

Estando aqui, em um dos eventos mais importantes sobre insights da atualidade, no Texas, é possível compreender que o buraco é muito mais embaixo.

Na palestra "Culture, Legacy e Cannabis", o rapper M-1 e líder do movimento canábico em NY, deixou claro que o assunto não é normalizado como deveria. É possível entender que existe pouca padronização e inclusão. E se essa é a sensação entre a comunidade, imagina como é desafiador para a indústria, que precisa de regras de padronização de produto, de testes de qualidade, testagem de solos, substratos e químicos, e diversas outras exigências necessárias para a comercialização de um medicamento à base de maconha além de inclusão e muita reparação social e histórica.

No painel "The Future of Chemically Derived Cannabinoids", que contou com Chris Hudalla, Andrew Pardo, Shayda Torabi e Josh Wurzer, muito se discutiu o uso da maconha no âmbito recreativo versus medicinal, ou também, o que é algo que a natureza fornece versus o que o homem consegue reproduzir através de laboratório. Entre tantos argumentos, a conclusão é a mesma: a maconha é medicinal, mesmo que no seu uso recreativo.

Quando o assunto é maconha, muitos sentimentos acabam vindo à tona: curiosidade, receio, às vezes até medo. Mas o SXSW veio para plantar outras sensações ao falar sobre o assunto. Colocou a cannabis como ciência, mostrou que ela é cultura e inovação. Além disso, deixou claro que esse tópico merece todo o investimento tecnológico possível, afinal, é um mercado economicamente potente para quem não tem medo de pensar fora da caixa e coloca a saúde de todos na alta prioridade.

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E falando em pensar "fora da caixa". A Humora aproveitou todos esses insights do evento para reunir 50 brasileiras para apresentar seu produto. A empresa acredita que a microdose para resgatar o bem-estar de patologias não crônicas é um caminho ainda pouco explorado e que devia ser naturalizado. Realizei com minha equipe o lançamento do produto a base de cannabis, em terras onde a prescrição e a burocracia brasileira não são um impeditivo para que muitas pessoas possam buscar uma vida saudável através de produtos com base em maconha. Contudo, o próximo passo é incluir o Brasil na rota de lançamento. Todos preparados?

Ana Júlia Kiss é fundadora & CEO da Humora. Além disso, acredita fortemente que a educação é o caminho para explicar as diferenças e encarar o futuro do desconhecido.

Opinião por Wal Flor
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