A Lopes está montando uma divisão de negócios para atender com exclusividade os compradores de imóveis de alto padrão e luxo. A companhia, uma das maiores imobiliárias do País, identificou uma lacuna de mercado no segmento, que cresceu significativamente nos últimos anos.
A Lopes tem um cadastro que gira em torno de 7 mil imóveis nas capitais e cidades do interior, cujo valor de venda passa dos R$ 5 milhões cada. A maior parte são casas em bairros nobres, mas há um volume crescente de apartamentos. A empresa vai reunir essa base em um site próprio, sob a marca Luxury Property Selection (numa referência ao LPS da sua logomarca) e recrutar um time de 60 a 70 corretores especializados no ramo.
O diretor da Lopes, Cyro Naufel, observa que o consumidor de alta renda que busca imóveis diferenciados precisa recorrer a imobiliárias do tipo “butique”, com uma atuação de nicho e menor porte. “Falta escala para esse tipo de operação”, diz.
Padrão de atendimento
Ou então, a opção é recorrer a sites que oferecem imóveis de todos os tipos, desde aqueles mais populares, do Minha Casa Minha Vida, que não têm a ver com o perfil do comprador.
“Não é questão de ser esnobe, mas é preciso manter um padrão equilibrado de atendimento. Se você vai comprar uma Ferrari, você também espera que a loja, a cadeira, o café sejam de um alto padrão”, compara. “Nossa ideia é oferecer o produto diferenciado em um ambiente propício.”
Em breve, a Lopes abrirá uma loja temporária no shopping Iguatemi, em São Paulo, para expor o portfólio de imóveis de luxo. A imobiliária está conversando com incorporadores que têm projetos do gênero, como Cyrela, Tegra, Bueno Netto, Adolpho Lindenberg, entre outras. A ideia é “ancorar” o estande com um portfólio de lançamentos do setor.
Movimento de mercado
O movimento da Lopes é também uma forma de abocanhar o mercado para onde foram as incorporadoras nos últimos anos. Com o juro alto do financiamento e a maior dificuldade de vender apartamentos para classe média, as empresas passaram a concentrar os lançamentos no setor de alto padrão e luxo, onde o consumidor endinheirado é mais resiliente a crises.
No setor de altíssimo padrão, dois terços das vendas são feitas à vista ou com pagamento integral do imóvel ainda na fase de obras, enquanto só um terço dos compradores opta por financiar. No médio padrão, é praticamente o inverso, segundo estimativa da companhia.
A Lopes fez a corretagem de R$ 11 bilhões em vendas de imóveis em 2023, montante 12% maior que em 2022. Para 2024, a perspectiva é de melhora do mercado, uma vez que passaram as turbulências de troca de governo e há um cenário macroeconômico mais claro.
Este texto foi publicado no Broadcast no dia 17/04/24, às 18h20
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