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Bastidores do mundo dos negócios

Maior provedor regional de São Paulo, Desktop negocia aquisições

Empresa já atua em 183 municípios do interior paulista e planeja chegar a novas localidades

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Por Circe Bonatelli (Broadcast)
Desktop planeja levar toda a base de 1 milhão clientes para planos de 1 gbps nos próximos anos 

Após adquirir 10 empresas nos últimos cinco anos e atingir a marca de 1 milhão de clientes de banda larga fixa, a Desktop planeja seguir em ritmo de crescimento no ano que vem. Neste momento, a companhia está em negociação com três provedores para uma potencial aquisição. Quem conta a novidade é o fundador e presidente da Desktop, Dênio Alves Lindo. ”A nossa estratégia é combinar crescimento orgânico com inorgânico, de maneira regional e concêntrica.

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Essa estratégia vai continuar em 2024. Já estamos em negociação para alguns movimentos de M&A”, afirma. “São aquisições relevantes, em áreas conurbadas, que vão agregar um volume significativo de clientes e receitas, e abrir novas geografias para a companhia”, emenda.

A Desktop começou a operar em 2006 na cidade de Sumaré (SP) e se expandiu por 183 municípios do interior paulista, ocupando tanto as cidades grandes quanto as menores nos entornos - até então um mercado inexplorado pelas grandes teles. Em 2020, recebeu aporte da gestora norte-americana HIG e, em 2021, fez sua oferta inicial de ações (IPO) na B3, quando levantou R$ 715 milhões para financiar o crescimento das operações.

Neste ano, teve receita líquida de R$ 723 milhões até o terceiro trimestre, com margem operacional de 50%. Hoje, ela é a maior provedora regional de internet do Estado de São Paulo, com 7% de participação de mercado, atrás somente das Vivo (29%) e Claro (31%), de acordo com ranking da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). A Desktop não atua na capital paulista, enquanto no interior chega a liderar em porcentual de participação de mercado.

”Temos como meta ser muito fortes na área onde estamos presentes. Faz sentido ser o mais líder possível tanto do ponto de vista operacional quanto financeiro”, diz o fundador, referindo-se ao ganho de escala com a extensão da rede e o volume de clientes conectados na mesma região. As aquisições em vista seguem esse mesmo padrão: provedores regionais situados em localidades adjacentes, com posição de liderança de mercado e redes de qualidade, diz.

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Crescimento orgânico

A Desktop também seguirá investindo na construção própria das redes de fibra ótica, embora esteja reduzindo o ritmo. O foco agora está em atrair novos clientes para a rede instalada recentemente, ajudando na diluição de custos de manutenção, campanhas comerciais e atendimento, por exemplo. Alves conta que a competição em busca dos clientes é intensa, visto que a Desktop bate de frente com Vivo e Claro na maioria das cidades, mas ele pondera que isso não é um desafio novo, nem tem impactado o crescimento. A Desktop ganhou entre 21 mil e 29 mil clientes por trimestre ao longo deste ano e vê potencial para aumentar esse ritmo daqui em diante. “Estamos bastante confortáveis”, afirma.

O pacote típico da Desktop é de 400 mbps por R$ 99 e de 600 mbps por R$ 109 - valores em linha com as práticas de mercado. Segundo Alves, é difícil elevar o preço de entrada, pois isso pode representar a perda do cliente para a concorrência. Para ampliar a receita, a estratégia é incentivar os clientes mais antigos a migrarem para planos de maior velocidade e preços mais altos. Nos próximos anos, a provedora planeja levar toda a base de clientes para planos de 1 gbps, cobrando mais por isso.

Outro foco da Desktop para 2024 é crescer no atendimento a empresas, o chamado B2B. A companhia acaba de criar uma diretoria específica para isso, que será ocupada pelo executivo Gilberto Cardoso (ex TIM, AES e Alcatel). Segundo Alves, a ideia é oferecer serviços empresariais de conectividade a partir da rede de fibra já instalada, o que também contribuirá para ampliação da receita e diluição dos custos, com melhora da margem. “Isso é uma iniciativa que vai trazer muitos resultados para a companhia”, prevê.

Para 2024, o grupo também espera acelerar a geração de caixa e reduzir o endividamento. No fim do terceiro trimestre, a dívida líquida era de R$ 730 milhões, e a alavancagem, de 2,4 vezes. “Temos entregado crescimento sustentável da receita, com manutenção de uma margem robusta. Como passamos a fazer menos investimentos na expansão orgânica da rede, isso vai gerar mais caixa”.

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Venda da rede de fibra ótica

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Conforme noticiado pela Coluna do Broadcast em agosto, a Desktop contratou o Bank of America como consultor financeiro para receber propostas de interessados na aquisição da sua rede de fibra ótica. Se uma transação desse tipo avançar, a empresa passará a alugar a antiga rede e atuar apenas na oferta da internet para o consumidor final, sem a parte de infraestrutura.

O presidente da Desktop esclarece que essa não foi uma estratégia que nasceu dentro da empresa, mas sim de uma provocação de potenciais compradores que bateram na sua porta. “Fomos demandados por players interessados na nossa rede. Temos a maior rede em São Paulo depois da Vivo e atendemos uma quantidade gigantesca de domicílios. Isso tem despertado interesse de muita gente”, afirma, sem revelar nomes.

”Já que tem mais de um interessado, optamos por fazer um processo organizado para receber as propostas por meio de um agente financeiro. Aí vamos avaliar se faz sentido ou não. É nossa obrigação”. Pelos cálculos de analistas de telecom do BTG Pactual, a rede da Desktop vale cerca de R$ 2,6 bilhões.

Contato: circe.bonatelli@estadao.com

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Esta nota foi publicada no Broadcast+ no dia 29/11/2023 às 11h53

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