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Bastidores do mundo dos negócios

Organização global de fusões e aquisições realiza encontro inédito em SP

Evento da IMAP ocorre de 04 a 06 de abril. Instituição reúne empresas de 50 países

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Por Cristiane Barbieri (Broadcast)
Em 2023, os mais de 450 profissionais da IMAP fecharam 231 negócios, que movimentaram US$ 9 bilhões Foto: ASDF - stock.adobe.com

O Brasil receberá pela primeira vez o encontro global da IMAP, organização internacional que junta empresas especializadas em fusões e aquisições (M&As) de médio porte, de 50 países. No ano passado, os mais de 450 profissionais do grupo fecharam 231 negócios, que movimentaram mais de US$ 9 bilhões. De 04 a 06 de abril, parte deles estará em São Paulo para trocar informações sobre companhias que buscam investidores, famílias que querem sair de negócios, corporações interessadas em conquistar mercado abocanhando outras companhias e recursos atrás de oportunidades.

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“Compartilhamos experiências, fazemos reuniões setoriais e individuais, tanto com analistas quanto com associados, e gastamos bastante tempo compartilhando histórias de melhores práticas nos negócios concluídos”, diz Jurgis Oniunas, chairman da IMAP. “Também falamos de tendências e gastamos muito tempo em reuniões bilaterais nas quais compartilhamos informações sobre negócios, o que acaba resultando na formação de laços pessoais e facilita muito a colaboração.”

Segundo ele, as expectativas de melhora da economia, com a possível redução nas taxas de juros pelos principais bancos centrais e a retomada do Produto Interno Bruto (PIB) de países desenvolvidos, criam um bom ambiente de negócios. “Teremos um ano com perspectivas otimistas pela frente na maioria dos nossos mercados”, diz ele. “Essas oportunidades serão exploradas por cada parceiro em todo o mundo.”

Compra de negócios médios é tendência

Oniunas diz também que outra tendência tem sido um aumento na compra de negócios de médio porte por gestoras de “private equity” (que adquirem fatias de empresas) para consolidação setorial. “Esse está sendo um dos principais impulsionadores do setor”, afirma.

Para ele, a paralisia dos IPOs (ofertas iniciais de ações, na sigla em inglês) não teve grande impacto no segmento em que os associados da IMAP atuam. “Geralmente são negócios maiores [os afetados pela falta de IPOs]”, diz ele. IPOs permitem às gestoras de “private equity” saírem de negócios nos quais investiram e movimentar o mercado e, em parte, a roda das fusões e aquisições.

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Em relação a oportunidades em mercados emergentes, Oniunas vê um ambiente propício para negócios na Índia e em países do Sudeste Asiático, como Filipinas e Malásia. “Em relação à Ásia, estamos vendo investidores japoneses bastante ativos porque eles vêm de um ciclo de baixa muito longo”, afirma.

Brasilpar é associada no País

Guilherme Paulino, sócio da Brasilpar, diz que a assessoria especializada em M&A intermediou duas aquisições feitas por companhias japonesas e negocia outras duas. A empresa é a única associada do IMAP no Brasil e está organizando o evento. Criada em 1976 pela família Moreira Salles e o banco Paribas, a Brasilpar trocou de acionistas ao longo do tempo e tem hoje como sócios nomes tradicionais do mercado, como Luiz Eduardo Costa (ex-Citi e ABN Amro), Alberto Kiraly (ex-CEO do Morgan Stanley no Brasil) e Márcio Fiuza (ex-Bear Stearns e Vale), entre outros.

“Cada sócio é especializado em um setor de atuação no qual fica alerta e tem expertise para fazer negócios”, diz Costa. “Os últimos três anos foram particularmente bons e temos um demanda de negócios crescente, com alta de 30% em relação ao nosso histórico.”

Um dos motivos é o “nearshoring”, como é chamada a transferência de produção de países asiáticos, em especial a China, para lugares mais próximos aos Estados Unidos. Para Oniunas, há uma tendência de investidores estratégicos olharem para essa região - em especial o Brasil, logo após o México. “Era hora de voltarmos para a América Latina”, diz ele.

Relacionamento é essencial no setor

Além dos sócios, a Brasilpar tem um conselho de notáveis que, entre outros nomes, conta com Antonio Molina (que foi professor da FGV), Fernando Sotelino (ex-CEO do Unibanco) e Horácio Piva (Klabin). “No nosso negócio, o networking é o mais importante”, afirma Costa. “São referências que nos levam a ser contratados e a executar o trabalho.”

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São exatamente estas relações que serão praticadas no encontro dos próximos dias. “Teremos a chance de expor a economia brasileira para que possamos juntos procurar potenciais compradores em cada mercado que investirá no País, bem como encontrar alvos para companhias daqui”, afirma Paulino. Para ajudar nessa exposição, multinacionais que cresceram via aquisições no Brasil falarão de suas experiências. Estarão presentes cerca de 60 profissionais associados à IMAP.

Apesar das perspectivas otimistas, Oniunas vê também algumas nuvens no horizonte. Uma delas é a dificuldade de prever o cenário chinês, motor econômico global por muitos anos, que agora enfrenta problemas internos. Também a persistência dos juros altos e a volatilidade geopolítica global. Além das guerras em andamento, há a possibilidade de uma nova eleição de Donald Trump nos EUA, que torna o cenário novamente incerto.


Este texto foi publicado no Broadcast no dia 03/04/24, às 14h28

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