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Bastidores do mundo dos negócios

Quasar notifica Capitânia e VBI em disputa de gestoras

Medida pede esclarecimentos sobre mudança na gestão de fundo

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Por Cristiane Barbieri (Broadcast)
Quasar Agro Fundo tem valor de mercado de R$ 240 milhões Foto: Daniel Teixeira/Estadão

A gestora de investimentos Quasar Asset Management notificou extrajudicialmente a Capitânia Investimentos e a VBI Real Estate, da mesma área, para que esclareçam possível conflito de interesse em mudanças propostas no Quasar Agro Fundo de Investimento Imobiliário. Segundo a Quasar, há indícios de irregularidades e falta de transparência no processo de substituição da gestora do fundo. Na notificação, a gestora detalha os fatos e pede que as envolvidas esclareçam, em até três dias, uma série de questionamentos sobre arranjos entre ambas, “sob pena de responder pelos prejuízos que venham a causar ao Fundo, a seus cotistas e à Quasar”.

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Por trás da disputa entre as gestoras, há gigantes do setor financeiro. Isso porque a Quasar pertence à Reag Investimentos, que tem R$ 163 bilhões sob gestão e R$ 193 bilhões sob administração. A VBI, especializada no setor imobiliário e com quase R$ 8 bilhões em ativos sob gestão, segundo seu site, foi comprada pelo fundo de participações em empresas Pátria. A Capitânia, que gere R$ 23 bilhões em ativos, tem como acionista minoritária a XP.

A Quasar Asset é a gestora do fundo Quasar Agro Fundo de Investimento Imobiliário desde sua criação, em 2019. Porém, diz na notificação, recebeu em 04 de abril uma solicitação de convocação de assembleia por parte de cotistas (todos fundos de investimentos de gestoras do grupo Capitânia) para que fosse substituída como gestora e o regulamento do fundo fosse alterado.

Fundo tem mais de 20 mil cotistas

Só que, diz a Quasar, há um entendimento entre a Capitânia e a nova indicada para gerir o fundo, a VBI, que não foi comunicado aos demais investidores. Com mais de 20 mil cotistas, em sua maioria pessoas físicas, o Quasar Agro Fundo tem valor patrimonial de R$ 296 milhões e valor de mercado de R$ 240 milhões.

Ainda de acordo com a notificação, a VBI manifestou, ao longo de 2023, interesse em assumir a gestão do fundo, mas encontrou resistência da Capitânia. “Naquela ocasião, como condição para aprovar a substituição da gestão, a Capitânia exigiu que as posições de cotistas representados por ela fossem recompradas a seu valor patrimonial (sendo que as cotas do fundo eram negociadas em Bolsa a valores entre 16% e 18% abaixo do seu valor patrimonial)”, escreve a gestora.

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“Tratava-se de um ‘benefício’ que a Capitânia pretendia ‘extrair’ apenas para tais cotistas, de forma indevida e em evidente prejuízo para os demais investidores do Fundo, formado em sua maioria por pessoas físicas com pequenas participações individuais. A esses últimos, restaria permanecer no Fundo com uma gestora que não escolheram e emplacada de forma oportunista por quem negociava a sua saída a um preço maior.”

Negócio foi rejeitado

A Quasar diz ter rejeitado o negócio e escreve na notificação que, “desde então a Capitânia vem buscando, de forma incessante e sempre à margem da legalidade, alternativas para levar o seu plano adiante”.

Ao ter a proposta rejeitada, a Capitânia teria oferecido à Quasar R$ 4 milhões para que ela própria, Capitânia, assumisse a gestão do fundo. O movimento também foi rejeitado pela Quasar e “é sintomático de como a Capitânia confunde os interesses dos cotistas que deveria representar e seus interesses pessoais como gestora (neste caso, o seu interesse em auferir e se remunerar pela taxa de gestão do Fundo)”, escrevem.

A convocação da assembleia em 04 de abril seria um terceiro movimento nesse sentido, mas os interesses da Capitânia e da VBI não teriam sido explicitados aos demais cotistas, a quem caberia pleno conhecimento dos interesses e dos ganhos aos envolvidos, em sua visão.

Mudança de remuneração

A Quasar também afirma que a proposta de mudança nas regras do fundo envolve diferente remuneração do prestador de serviços de gestão, “com menor transparência entre a parcela que cabe ao administrador e a que cabe ao gestor, e com possível incremento desta última, em prejuízo aos cotistas do fundo”. Também que há a inserção de salvaguardas ao novo gestor, em detrimento dos direitos dos cotistas.

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Assim, a Quasar pede esclarecimentos em relação aos entendimentos entre Capitânia e VBI, incluindo remuneração e alteração nas regras do fundo. Também pergunta se a Capitânia exercerá na assembleia seu direito de voto que, em sua visão, teria conflito de interesse. Pede ainda que a assembleia seja suspensa até o esclarecimento dos fatos, “visando evitar prejuízos irreparáveis ao fundo e a seus investidores”. Procurados, Capitânia e VBI não responderam a pedido de entrevista até a publicação desta nota.


Este texto foi publicado no Broadcast no dia 12/04/24, às 17h48

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