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Notícias do mundo do agronegócio

Rentabilidade menor no campo freia expansão das feiras agropecuárias no País

Quebra na safra de grãos e os preços menos remuneradores devem diminuir o apetite dos produtores rurais por investimentos

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Atualização:

Depois de anos seguidos de resultados recordes, as feiras agropecuárias terão neste ano um cenário mais incerto. A quebra na safra de grãos e os preços menos remuneradores devem diminuir o apetite dos produtores rurais por investimentos. Organizadores desses eventos esperam de estabilidade a leve retração nos negócios em 2024. Em 2023, as principais feiras do País - Show Rural Coopavel (PR), Expodireto Cotrijal (RS), Tecnoshow Comigo (GO), Agrishow (SP), Agrobrasília (DF), e Bahia Farm Show (BA) - movimentaram juntas R$ 50 bilhões. A Agrishow, em Ribeirão Preto, projeta um volume menor ou igual aos R$ 13,3 bilhões de 2023. “Não creio que vai ser um desastre. Não estamos falando de crise”, diz Pedro Estevão, presidente do Conselho de Expositores.

O Show Rural Coopavel, de Cascavel (PR), abre nesta segunda-feira o calendário das grandes feiras no País Foto: Coopavel/Divulgação

Safra será determinante para aportes

No oeste da Bahia, a Bahia Farm Show, que ocorre em junho, aguarda informações mais claras da safra 2023/24, em fase de colheita, para traçar o cenário. “O produtor vai esperar a confirmação da produção para planejar e investir na próxima”, diz Alan Malinski, diretor-executivo da Aiba.

Cenário de crédito ajuda nos negócios

A maior oferta de crédito disponível dará certo fôlego às feiras. Nei César Manica, presidente da Expodireto Cotrijal de Não-Me-Toque (RS), diz que neste ano os bancos têm mais recursos subvencionados. “Com a Selic caindo, o produtor pode se animar a fechar mais financiamentos”, acredita. Prevê repetir os R$ 7,043 bilhões de 2023.

Cautela

A indústria de máquinas e equipamentos agrícolas, que tem volume expressivo de vendas fechado durante as feiras, prevê uma leve redução no montante negociado durante os eventos. Essa queda se deve principalmente à quebra de safra, diz Pedro Estevão, que também é presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos. “O produtor vai consertar as máquinas que estiverem com problema e renovar o necessário”, afirma.

Mais dinheiro

O Sicoob UniCentro Br liberou no ano passado R$ 902 milhões em crédito para o agronegócio, 16% mais que em 2022. A Cédula de Produto Rural Financeira liderou a expansão da carteira ao crescer mais de R$ 200 milhões ante o ano anterior. Para 2024, a cooperativa de crédito, com atuação em Goiás, Distrito Federal, Minas Gerais, São Paulo e Tocantins, projeta crescimento de 22% nos aportes ao agro.

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IA no agro

A Docket, startup de soluções relacionadas à comprovação de documentos, processou na safra atual mais de 70 mil contratos relacionados ao agronegócio. A empresa é pioneira na utilização de Inteligência Artificial para extração e análise de dados e tem entre seus clientes as principais tradings que operam no Brasil. Pedro Roso, o CEO, diz que a plataforma é capaz de analisar ao mesmo tempo 100 certidões, lendo e interpretando os dados em 25 minutos, contra as 11 horas usuais, sem o emprego da solução.

Insights

Em 2022, a Docket recebeu investimento de R$ 110 milhões da Gerdau e Inovabra (do Bradesco), entre outros fundos. Com a adoção da IA, a velocidade de treinamento (machine learning) dos softwares ficou exponencial, diz Roso. “Conseguimos solicitar mais de meio milhão de variações de documentos para as empresas rodarem o seu dia a dia.”. Hoje, segundo ele, 90% do agronegócio tem olhado para opções de softwares.

Senta e espera

Entidades que representam produtores rurais estão preocupadas com a possível demora do socorro ao setor. Com orçamento do governo apertado, aportes adicionais de crédito ao agro podem demandar suplementação orçamentária via Projeto de Lei do Congresso Nacional (PLN). “Vai depender da negociação entre governo e Congresso, justamente em ano eleitoral. O tempo do Congresso não é o mesmo das lavouras”, resume uma liderança.

Giro

Portos do Paraná esperam recorde de embarques de soja

Mesmo com a previsão de quebra na safra de soja, os Portos do Paraná esperam receber neste ano volume da oleaginosa semelhante ao de 2023. Os Portos de Paranaguá e Antonina movimentaram 13,7 milhões de toneladas entre janeiro e novembro. A maior parte da soja escoada nos portos vem do Paraná e de Mato Grosso do Sul.

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Vem aí

O setor produtivo e o mercado acompanham as revisões na safra 2023/24 de grãos que a Companhia Nacional de Abastecimento e o IBGE divulgam nesta semana. A perspectiva é de que as estimativas oficiais e do setor, hoje mais distantes, se aproximem. Na soja a diferença chega a 14 milhões de toneladas. / ISADORA DUARTE, AUDRYN KAROLYNE, LEANDRO SILVEIRA E VINICIUS GALERA

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