A EADS, dona da fabricante de aviões Airbus, sofreu ontem mais um duro golpe com a revelação de que membros da diretoria fizeram uso de informações privilegiadas para ganhar dinheiro na Bolsa de Valores. Segundo relatório divulgado pela Autorité des Marchés Financiers (AFM, o equivalente à CVM no Brasil), entre essas pessoas estão 22 membros da alta diretoria da EADS, como os ex-presidentes Noel Forgeard e Thomas Enders. Além disso, empresários como o alemão Jürge Bischoff, da Daimler-Chrysler, e o francês Arnauld Lagardère, do grupo Lagardère, acionistas da EADS, também teriam se beneficiado. Segundo as autoridades francesas, esse grupo - que, na verdade, chega a 1,2 mil pessoas - sabia, desde 2005, quando as ações da empresa atingiram um preço especialmente alto, que o projeto do superjumbo A380 iria sofrer atrasos, o que derrubaria os papéis. Antes que essas informações fossem divulgadas, esse grupo vendeu cerca de 10 milhões de ações. No total, o lucro foi de cerca de 90 milhões. O atual presidente da EADS, Louis Gallois, evitou se pronunciar sobre o escândalo. ''''Confiamos na Justiça de nosso país e não comentamos suas decisões. Prefiro falar dos pedidos do A380 feitos pela British Airways que do crime de obter informação privilegiada'''', disse ontem, antes de participar de um ato público.