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Por que as mulheres são a maior parte dos clientes do microcrédito?

Na baixa renda, maioria das famílias é chefiada por mulheres

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Por Mariana Congo
Atualização:

Tânia, microempreendora em São Paulo (Fotos: Abcred) Foto: Estadão

As mulheres representam a maior parte do público que toma empréstimo para tocar um pequeno negócio.

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Elas são 60% dos clientes dos 39 bancos representados pela Associação Brasileira de Entidades Operadoras de Microcrédito e Microfinanças (Abcred). E no Banco do Nordeste, que opera o Crediamigo - maior programa de microcrédito do País - as mulheres respondem 67% da carteira de empréstimos.

O que justifica o predomínio da mulher no microempreendedorismo?

Considerando as famílias de baixa renda, existem mais chefes de família do sexo feminino do que do masculino.

As mulheres comandam 55% da famílias com renda de até um salário mínimo por pessoa, segundo dados de 2013 compilados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

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Quando não conseguem ter um trabalho com carteira assinada, a necessidade de sustentar a família faz com que muitas mulheres iniciem pequenos negócios.

São cabeleireiras, manicures, costureiras, cozinheiras. Mulheres que vendem roupas, cosméticos ou outros produtos de porta em porta. Donas de mercearias, pequenos restaurantes.

A maior parte dos empréstimos vai para atividades de comércio (54%). Depois, serviços (34%). Por fim, indústria (12%), mostram os dados da Abcred. Os empréstimos giram em torno de R$ 1,5 mil. O dinheiro, emprestado a juro baixo, é usado para compra de mercadoria e equipamento, por exemplo.

"A mulher é mais empreendedora que o homem. O negócio começa em casa. São mulheres multitarefa, que chefiam as famílias", diz o vice-presidente da Abcred, Amadeu Trentini. Segundo ele, existem estudos que mostram que as mulheres têm menor risco de inadimplência que os homens.

Em janeiro, a inadimplência do microcrédito para microempreendedores ficou em 5,2% em janeiro, segundo o Banco Central - um pouco abaixo da inadimplência média geral (5,4%) .

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Veronita tem pequeno negócio em Blumenau (SC) Foto: Estadão

Para entender. O microcrédito é um tipo de empréstimo de valores pequenos (e juros baixos), direcionado para pessoas de renda baixa que precisam de dinheiro para investir em seus pequenos negócios.

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Esse tipo de linha beneficia a parcela da população que tem dificuldade para conseguir linhas de crédito em grandes bancos. São pessoas que, muitas vezes, trabalham informalmente e não conseguem comprovar renda. Além dos bancos, o microcrédito é concedido em organizações financeiras exclusivamente voltadas para esse segmento.

A principal metodologia para concessão de microcrédito é a de grupos solidários. Nesse formato, um grupo de pessoas (amigos, vizinhos, familiares) se une e cada um pega seu empréstimo. A garantia de pagamento é dada pelo grupo: se alguém tiver dificuldade para pagar, os outros ajudam. Todo o processo é orientado por agentes de microcrédito, que analisam as condições de vida e capacidade de pagamento das pessoas, além de acompanhar o desenvolvimento dos pequenos negócios.

Em janeiro, segundo dados do Banco Central, o saldo da linha de microcrédito para microempreendedores foi de R$ 5,5bilhões. A taxa média de juros foi de 17% ao ano - menor que os 32% da média geral dos empréstimos para pessoa física.

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