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IPhone X - temos que trabalhar 12,58 vezes mais que na Austrália, para obter exatamente o mesmo produto

O brasileiro precisa de 1.258 horas de trabalho para comprar um iPhone X, enquanto, para um australiano, 100 horas são suficientes para adquirir o mais novo smartphone da Apple.

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Por Alexandre Cabral
Atualização:

Em outras palavras, por aqui temos que trabalhar 12,58 vezes mais que na Austrália, para obter exatamente o mesmo produto.

Na semana passada, tivemos o lançamento mundial do iPhone X, que, no Brasil, custa a "bagatela" de R$ 7.019,10. Resolvi pesquisar por quanto o produto está sendo vendido em outros países e as conclusões são, no mínimo, intrigantes.

 Foto: Estadão

Para facilitar a compreensão do texto, vamos a algumas informações preliminares:

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a. Modelo: iPhone X - 256 GB;

b. Na pesquisa, considerei somente os preços que estavam no site da Apple e lá descobri que estão definidos valores do iPhone X em 36 países;

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c. Resolvi comparar esses preços com o valor do salário mínimo de cada país. (Eu sei que as regras do salário mínimo são muito particulares nos diferentes lugares e que há benefícios e questões sociais envolvidas, mas o valor líquido recebido é uma realidade e é através desse salário que o trabalhador vai comprar o aparelho);

d. Descobri que alguns países não têm salário mínimo, como Suíça e Itália. Dos 36 países listados no site da Apple, sobraram 29;

e. Descobri também que a China tem mais de 50 salários mínimos diferentes, que mudam conforme a região geográfica e o setor de trabalho.

 

Entre os 29 países que permaneceram na pesquisa, o México é o local onde o iPhone X sai mais caro, frente ao salário mínimo. Lá o consumidor precisa de 2.699 horas de trabalho para comprar o aparelho. Em segundo lugar, está a Rússia, onde são necessárias 1.981 horas de trabalho. E o Brasil aparece em terceiro lugar, com 1.258 horas de trabalho, ou algo próximo de 7 meses e meio, para adquirir um iPhone X.

Enquanto isso, nos EUA, o trabalhador precisa de 158 horas para comprar o produto. O local com menos tempo de trabalho necessário é a Austrália, onde, com 100 horas, é possível reunir o suficiente para adquirir o aparelho.

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Para efeito de curiosidade: a Tailândia aparece em quarto lugar, com a necessidade de 1.220 horas de trabalho, e, em quinto, vem a Malásia, com 826 horas. Vou destacar também Portugal, já que virou modinha de destino para o brasileiro médio-rico: lá são necessárias 351 horas de trabalho, o que coloca o país na 12a posição do ranking.

 

Em dólares

Muitos questionam: e se transformarmos todos os preços em dólar, para então comparar os valores cobrados em cada país? Vou mostrar aqui o resultado, mas é importante frisar que esse tipo de comparação não necessariamente leva em consideração o poder de compra da população.

Usando o critério "quantos dólares", o Brasil ganha o título de iPhone X mais caro do mundo: US$ 2.136,65. Em segundo lugar, vem a Turquia, onde o aparelho custa US$ 1.778,37 e, em terceiro, a Hungria, com US$ 1.634,07. Nesse ranking, que considera os 36 países com preços definidos no site da Apple, a Austrália aparece em 26º lugar com a venda do iPhone X a US$ 1.399,28.

Para efeito de curiosidade: o quarto lugar ficou com a Dinamarca, onde o iPhone X sai por US$ 1.599,29 e o quinto, com Portugal, a US$ 1.578,95.

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O iPhone X mais barato é o vendido no Japão, onde o preço é US$ 1.136,91.

Em tempo: diferente do que muitos comentam por aí, não vale a pena sair do Brasil somente para comprar o smartphone e voltar.

 

Em Big Macs

E se a gente usar como referência o famoso "Índice Big Mac", que compara, mundo afora, os preços cobrados pelo sanduíche da rede americana de fast food? Bem, nesse caso, no Brasil, o iPhone X equivale a 425 sanduíches - o que nos deixa na posição 11º no ranking de 36 países com preços definidos no site da Apple. O ranking segue

Por esse critério, o primeiro lugar ficou com a Malásia, com 686 sanduíches, seguida pela Rússia, com 672, e pela Turquia, com 642. Depois vêm Taiwan, com 601, e Polônia, com 567 sanduíches.

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Portugal aparece em 15º lugar, com 348 sanduíches.

Os EUA, terra natal da Apple e do McDonald's, vêm em 35º, penúltima colocação, com 217 Big Macs para um smartphone.  O país onde o iPhone X corresponde a menos sanduíches é a Suíça. Lá cada aparelho equivale a 214 Big Macs.

Esse ranking também pode ser considerado de maneira invertida, se levar em consideração o sanduíche nos EUA como parâmetro.

 

Bens e Serviços que poderíamos consumir em lugar de comprar o iPhone X

- 5 diárias no hotel mais famoso do Rio de Janeiro, o Copacabana Palace (cada diária custa cerca de R$ 1.400,00). Observação: não recomendo comer lá dentro, porque aí o custo total para cinco dias no hotel vai extrapolar - e muito - o preço do iPhone X. Sugestão: leve comida de casa ou vá comer um "joelho" com guaraná nos bares próximos ao hotel.

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- 117 Kichutes (lembram dele?). Achei alguns modelos no Mercado Livre. Dá para calçar uns 10 times.

- 700 guarda-chuvas na saída do metrô, nos dias de chuva.

- 7.090 esfihas do Habib's. Meu Deus, o que eu vou fazer com tanta esfiha? Acho que dá para matar a fome de umas mil pessoas.

- 1.560 sanduíches com guaraná nos botecos cariocas.

-877 espetos de camarão em Praia Grande (litoral de São Paulo). O problema é que tem que ser corajoso demais para comer esses espetinhos...

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Alguns dados adicionais

Série histórica de preços do iPhone no Brasil:

(obs: sempre considerando o mais potente lançado no Brasil)

(obs 2: Os preços são nominais de cada ano de lançamento e as horas de trabalho têm como base o salário mínimo vigente em cada ano de lançamento)

LANÇAMENTO                VERSÃO               MEMÓRIA          PREÇO                  HORAS DE TRABALHO

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PARA ADQUIRIR

- Setembro 2008:           3G                        16GB                     R$ 2.599,00                        1.052 horas

- Agosto 2009:                3GS                     32GB                     R$ 2.599,00                        939 horas

- Setembro 2010:           4                             32GB                  R$ 2.099,00                        691 horas

- Outubro 2011:             4S                           32GB                     R$ 1.899,00                        585 horas

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- Dezembro 2012:          5                           64GB                     R$ 2.999,00                        810 horas

- Setembro 2013:           5S                        64GB                     R$ 3.599,00                        892 horas

- Novembro 2014:         6 Plus                   128GB                  R$ 4.399,00                        1.021 horas

- Novembro 2016:         7 Plus                 256GB                R$ 4.899,00                      935 horas

- Novembro 2017:         X                             256GB                R$ 7.019,10                        1.258 horas

Repare que nunca foram necessárias tantas horas de trabalho para adquirir um iPhone de última geração. Será porque o salário mínimo está defasado? Ou é uma questão cambial? É consequência de aumento de tributos? Eu acho que pode ser uma mistura disso tudo.

 

Dica

Compre o que deixa você feliz. Se é um celular que custa mais de R$ 7 mil reais, compre! Só tome cuidado para não gastar mais do que seu orçamento permite.

 

Conclusão

Nos vários critérios de comparação, aqui no Brasil temos um dos iPhones X mais caros do mundo. As perguntas, para as quais eu não tenho a resposta, são: qual é a participação dos tributos nesse preço final cobrado do consumidor? São os impostos que fazem o produto ficar mais caro aqui que em outros países? Ou há outras explicações mais relevantes? Se alguém souber responder em detalhes, por favor me procure.

 

 

Este texto teve colaboração de várias pessoas, a quem deixo meu agradecimento:

Roberto Rodrigues, Júlio Bello, Lilian Shimoda, Douglas Ganeco, Franklin Wanderson, Tiago Bezerra, Luiz Murat, Sebastian Argentino, Rodrigo Barros, Alessandro Lima, Myryam Demarchi, Marcelo Alonso, Nadson Magnos, Flávio Consul, Ricardo Cataldi e Carlos Berry.

 

Os dados foram capturados nos seguintes lugares:

- Site da Apple

- Site da The Economist

- Site da Investing

- Site do Banco Central

 

Edição Patrícia Monken

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