PUBLICIDADE

Publicidade

Empresas comemoram política industrial como 'primeiro passo'

Por Tais Fuoco
Atualização:

As empresas comemoraram, mas não deixaram de salientar que a política industrial anunciada nesta segunda-feira pelo governo federal é o que elas chamam de "um primeiro passo" para que o Brasil alcance uma posição de maior competitividade global diante do avanço de concorrentes agressivos, como os asiáticos. Além de se disporem a acompanhar, a partir de amanhã, o que virá na prática sobre os discursos desta segunda, os empresários lembraram que muita coisa ainda há para ser feita, já que o país tem uma das mais altas taxas de juros do mundo, uma carga tributária considerada elevada e problemas de infra-estrutura, como precárias condições portuárias. "Melhor impossível". Esta foi a reação do presidente da Associação Brasileira das Empresas de Software e Serviços (Brasscom), Antonio Carlos Gil, já que o setor de tecnologia foi um dos grandes beneficiados pelo pacote, chamado de Política de Desenvolvimento Produtivo. Gil disse à Reuters que, "levando-se em conta a complexidade do assunto, não poderíamos esperar melhor". As medidas incluem redução de impostos, estímulo às exportações e novas linhas de crédito ao segmento. O empresário lembrou que "o Brasil tem 45 anos de conhecimento e competitividade na área de tecnologia da informação" (TI) e é hoje o oitavo maior mercado nesse segmento, mas ainda tem custos mais altos que concorrentes como a Índia. Para ele, as medidas anunciadas "são o primeiro passo de um caminho que pode transformar o Brasil em um dos três maiores centros de TI do mundo". Entre as medidas que beneficiam esse setor, o governo reduziu pela metade --de 20 para 10 por cento-- a contribuição patronal para o INSS e eliminou a contribuição para o sistema S (que é de 3,5 por cento) para empresas que gerarem 50 por cento de sua receita com exportações. A área de softwares ainda ganhou uma nova linha de crédito de 1 bilhão de reais dentro do programa Prosoft do BNDES e a possibilidade de reduzir, da base de cálculo do Imposto de Renda e CSLL, os gastos com pesquisa e desenvolvimento. "Agora vamos acompanhar a implementação dessas medidas e cuidar de outro problema, que é a capacitação de mão-de-obra no ritmo necessário", acrescentou Gil. INFRA-ESTRUTURA O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Luiz Aubert Neto, também considerou alguns dos anúncios "excelentes", especialmente o que trata da ampliação do prazo de financiamento para a compra de máquinas, que dobrou de cinco para 10 anos. Os equipamentos importados, segundo ele, chegam ao Brasil com financiamentos de 10 a 12 anos, o que tornava o Brasil pouco competitivo, já que aqui o prazo era limitado a cinco anos. O governo ainda isentou as operações de IOF e reduziu o spread do BNDES. "Eram reivindicações antigas da indústria", salientou Aubert. Para ele, o pacote "mostra que o governo está começando a formular uma política industrial. Fazia tempo que não tínhamos isso", afirmou. Ele lembrou, no entanto, que o programa "não é o ideal", já que muita coisa ainda precisa ser feita, na sua opinião. "Para o começo está bom, mas o Brasil ainda tem a mais alta taxa de juros do mundo, uma carga tributária muito elevada e problemas de infra-estrutura", ponderou. A questão da infra-estrutura também foi lembrada por Humberto Barbato, presidente da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e EletrÔnica (Abinee). "Eu fiquei relativamente animado porque boa parte das reivindicações que vínhamos fazendo ao longo dos últimos anos foi atendida. No Brasil agora voltamos a ter política industrial. E, em um país com tantos problemas na sua infra-estrutura, não dá para contar com o mercado para regular tudo", disse ele. A Associação Brasileira da Infra-estrutura e Indústrias de Base (Abdib) também elogiou o pacote, mas afirmou em comunicado que "o desafio, de agora em diante, será conseguir instituir um modelo de gestão e controle centralizado e ágil para acompanhar a implementação e o cumprimento das metas listadas, que dependerão de 35 órgãos e instituições públicos." (Reportagem adicional de Isabel Versiani)

Tudo Sobre
Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.