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Fazenda enviará ao Congresso proposta de regras para mercado de carbono no Brasil

Empresa que conseguir reduzir emissões de gases de efeito estufa poderá vender excedente como crédito de carbono para outra empresa, prevê proposta

Foto do author Célia Froufe
Por Célia Froufe (Broadcast)

BRASÍLIA - O Ministério da Fazenda deve enviar ainda este ano ao Congresso um conjunto de propostas com regras para estimular o mercado de carbono, que serve para regular a compra e venda de créditos ambientais. Funciona assim: quando uma empresa consegue reduzir emissões de gases de efeito estufa, como o dióxido de carbono, pode vender o excedente como crédito de carbono para outra empresa, até mesmo de fora do Brasil.

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Já há projetos de lei circulando no Congresso sobre o tema, mas a intenção da Fazenda é apresentar um documento com mais quantidade de detalhes. Os que já chegaram ao Legislativo abordam mais o mercado voluntário de carbono e a Pasta pretende também incluir normas para o segmento regulado, conhecido também como obrigatório, e que tende a ter mais negociações. No mercado regulado, o governo define um limite de emissões para as empresas e estabelece política de Estado, uma medida para tornar essa captura de carbono mais atraente aos investidores.

Em entrevista ao Estadão/Broadcast, Rafael Dubeux, assessor especial do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, salientou que, mesmo que o projeto seja votado em 2023, a implantação de uma plataforma de negociações deve levar mais tempo para ser finalizada dada sua complexidade.

Fazenda pretende propor em pacote corte de subsídios que existem para o setor de geração de energia por carvão Foto: Wilton Junior/Estadão

Em maio do ano passado, o então presidente Jair Bolsonaro assinou um decreto que estabeleceu procedimentos para a elaboração dos Planos Setoriais de Mitigação das Mudanças Climáticas e institui o Sistema Nacional de Redução de Emissões de Gases de Efeito Estufa (Sinare). O decreto não estabeleceu limites para as emissões nem tornou obrigatória a redução. Criou apenas um sistema de registro voluntário e planos setoriais para reduzir os efeitos das mudanças climáticas. Especialistas defendem que o mercado de carbono no Brasil tem de ser regulado por uma lei, e não um decreto, para dar mais segurança jurídica a compra e venda dos créditos.

Dentro do projeto de fazer uma revolução sustentável na economia doméstica, o governo Lula quer agora acelerar a integração das grandes empresas para o mercado de carbono. Como se viu em outras partes do globo, quando esse mercado foi aberto, quanto antes uma companhia se associa, menor o custo de compensar emissões, dado que os preços tendem a subir. Os recursos gerados com o negócio devem ser voltados para um fundo específico que atuará em ações igualmente sustentáveis.

No pacote, a Fazenda pretende, inclusive, cortar alguns subsídios que existem ainda, por exemplo, para o setor de geração de energia por carvão. O processo, garante Dubeux, será feito de forma gradual para que a indústria possa se reorganizar. Em 2022, 92% da matriz elétrica brasileira foi de energia renovável.

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