As aplicações de renda fixa devem fechar 2000 como as opções mais rentáveis do ano, contrariando as previsões de que este seria o ano da Bolsa. De janeiro até a sexta-feira, a liderança do ranking é dos fundos de renda fixa, com rendimento líquido de 13,44%. Logo atrás está o CDB para grandes quantias - acima de R$ 100 mil -, com rendimento de 13,34%. O investimento em ações ficou em último lugar. O Ibovespa amarga perda de 14,27% no ano. Em janeiro, a maior parte dos analistas apostava que as ações registrariam um desempenho excelente, amparadas na retomada do crescimento econômico, na acomodação da inflação e no ajuste das contas públicas. Esse cenário levaria a um recuo mais forte dos juros, favorecendo o investimento em ações. A questão é que os analistas não consideravam que o cenário externo poderia atrapalhar esse quadro. Este ano, não faltaram motivos para acirrar a instabilidade nos mercados internacionais. As incertezas quanto ao ritmo de desaceleração da economia americana provocaram forte turbulência no mercado acionário norte-americano, levando a Nasdaq - bolsa que negocia ações de empresas de alta tecnologia e informática em Nova York - a oscilar como bolsa de país emergente. Além disso, os preços do petróleo dispararam. A crise da Argentina, marcada pelo temor de que o país vizinho desse um calote nas dívidas externa e interna também mexeu com o mercado. Nesse cenário, quem se deu bem no ano foi o investidor conservador. Se a renda fixa não ofereceu um rendimento dos mais espetaculares, pelo menos superou a inflação. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), usado como meta de inflação pelo governo, deve ficar em torno de 6%. O cenário externo virou em dezembro Nas últimas semanas, no entanto, o cenário externo melhorou. O medo de uma aterrissagem forçada (hard landing) diminuiu bastante, uma vez que há a expectativa de que o Fed, o banco central americano, corte os juros nos próximos meses. Os preços do petróleo despencaram nas últimas semanas por conta da percepção dos investidores de que a oferta do produto supera a demanda. O acordo do Fundo Monetário Internacional (FMI) com a Argentina aliviou as pressões sobre o país vizinho. Nesse cenário, o Comitê de Política Monetária (Copom) aventurou-se a reduzir a taxa básica de juros (Selic) de 16,5% para 15,75% ao ano e a Bolsa vem registrando bom desempenho no mês. Mas isso não deve ser suficiente para que o investimento em ações desbanque a renda fixa da liderança do ranking. Isso talvez ocorra em 2001, desde que o cenário externo não volte a atrapalhar.