O ex-secretário de Comércio Exterior, Roberto Gianetti, acha que o Brasil precisa mobilizar a opinião pública e as organizações não-governamentais para pressionar os Estados Unidos e a União Européia a cumprirem os acordos e promessas de redução dos subsídios. "Nós temos de ir pelo lado da ética, da justiça moral e levantar a opinião pública a favor de uma situação mais justa entre os países desenvolvidos e em desenvolvimento", sugeriu Gianetti durante entrevista no Jornal das Dez, da Globo News. O ex-secretário acredita que esta seria a única postura eficaz, diante do limitado poder de retaliação do País. Roberto Gianetti alerta que existe o risco real de uma vez mais o Brasil ficar sozinho na luta contra os subsídios à produção agrícola no G-20, grupo de países em desenvolvimento. "No caso da Índia e da China, é bom lembrar que eles são importadores líquidos de alimentos: a eles interessa o excedente artificial de produção agrícola européia e americana, porque isso gera uma oferta maior para esses produtos", ponderou o ex-secretário. Já no caso da Argentina, que se encontra em plena renegociação de sua dívida externa, Gianetti acredita que o país vizinho está numa posição muito vulnerável e sujeita a pressões dos países ricos. Busca de calendário O ex-secretário ponderou que se não houver uma pressão da opinião pública, dificilmente, a União Européia e os Estados Unidos farão concessões no setor. Ele lembra que a própria criação da OMC, ao término da Rodada do Uruguai, em 1995, previa que em oito anos o calendário da redução dos subsídios agrícolas estaria acordado. Mas, em prática, porém, oito anos depois, a discussão nem sequer foi aberta. "Nós temos de ter um calendário declinante de subsídios para que, num prazo de cinco a dez anos, esses subsídios terminem", afirmou Gianetti. "Caso contrário nós vamos continuar sempre nessa esperança vã de que um dia teremos uma solução para esse problema."