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Doença do ‘greening’ ameaça produção de frutas cítricas em São Paulo; leia artigo

Doença mais temida dos cultivos de limão, laranja e tangerina impacta a competitividade da atividade em São Paulo

Por Juliano Ayres

A citricultura de São Paulo está em risco. Esse risco é real e iminente. E o motivo é o greening (HLB/huanglongbing), uma doença até o momento sem cura que leva à perda de produtividade e, em poucos anos, ao colapso da árvore.

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O greening é causado por uma bactéria (Candidatus Liberibacter asiaticus), transmitida por um inseto (psilídeo Diaphorina citri), que contamina uma planta ao se alimentar nela – todas as variedades de laranja, tangerina, limão e lima são suscetíveis. Logo, uma árvore doente, em um pomar comercial ou em um quintal, serve de fonte de contaminação para novas infecções.

Nenhuma citricultura foi a mesma depois do greening. Todos os parques citrícolas que têm a doença foram impactados impiedosamente – Ásia, África do Sul, América do Sul, América Central, Flórida (EUA). O exemplo mais significativo é o da Flórida. Depois da identificação do greening, em 2005, a produção caiu de até 250 milhões de caixas de laranja (40,8 kg) para 16 milhões em 2022/23.

No Cinturão Citrícola de São Paulo e no Triângulo e Sudoeste Mineiro – o mais importante do mundo para a produção de laranja destinada à indústria de suco –, a incidência do greening em 2023, de acordo com o Fundecitrus, atingiu 38,06%, o maior índice desde a identificação da doença no Brasil, em 2004.

Brasil tem algumas das principais áreas produtoras de laranja do mundo Foto: José Ângelo Santili / Estadão

Mas essa incidência é média: em Limeira, por exemplo, a incidência é de 73,87%. Plantar nas regiões com mais de 40% de greening, que são seis das 12 do Cinturão, é um risco imenso: estima-se que ao menos quatro em cada dez plantas não chegarão saudáveis à idade produtiva. Os pomares não conseguem ser renovados.

E o que está em risco? A citricultura paulista e mineira movimenta anualmente US$ 15 bilhões, adiciona US$ 2 bilhões ao PIB, arrecada US$ 180 milhões em impostos para 350 municípios, gera 200 mil empregos, preserva um hectare de vegetação nativa a cada 2,89 hectares em produção e estoca 36 milhões de toneladas de carbono, o equivalente ao que a cidade de São Paulo emite em oito anos.

Só um esforço conjunto e imediato entre pesquisa (especialmente para buscar soluções duradouras), citricultores (adotando medidas de manejo cientificamente comprovadas), sociedade (que pode contribuir eliminando plantas de citros em quintais e chácaras, para não prejudicar pomares comerciais) e governo (com campanhas de conscientização, fiscalização rígida no controle e apoio a produtores que desejam ou precisam trocar de cultura) será capaz de, no curto prazo, minimizar os efeitos do greening. E não há mais tempo.

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